O governo brasileiro, por meio de sua representação diplomática no Conselho de Segurança da ONU, abriu mão dos princípios pelos quais um governo de esquerda ou no mínimo verdadeiramente humanitário deveria se orientar para tentar satisfazer o papai do Estado de “Israel”, o Imperialismo norte-americano.
A resolução apresentada pelo Brasil para tentar intervir uma solução no genocídio cometido pelos israelenses e norte americanos em Gaza não poderia ser mais capituladora.
Sequer foi mencionada a necessidade de um cessar-fogo imediato, como mencionado na proposta definida pelos russos, que também pediram ao Brasil que incluísse no documento trecho condenando veementemente a carnificina tenebrosa feita por Israel em um hospital em Gaza matando mais de mil crianças. Mais precisamente, os russos pediam que fosse incluída na resolução o seguinte trecho:
“O Conselho de Segurança também condena inequivocamente os ataques indiscriminados contra civis e contra objetos civis na Faixa de Gaza, resultando em vítimas civis, em particular o ataque hediondo contra o hospital Al Ahli, e condena e rejeita as ações para impor o bloqueio da Faixa de Gaza, privando a população civil dos meios indispensáveis para sua sobrevivência, em violação ao direito internacional humanitário.”
Não apenas a proposta russa não foi acatada como também a resolução brasileira trouxe ao invés de uma condenação clara aos atos de Israel, uma reprimenda aos supostos “ataques terroristas do Hamas” dos quais a única informação que o governo brasileiro tem saíram da mais famosa maquina de notícias falsas do mundo que é a imprensa pró imperialista. Disse a diplomacia brasileira em um dos pontos de sua resolução:
“Rejeita inequivocamente e condena os ataques terroristas atrozes do Hamas que ocorreram em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis.”
A proposta do Brasil basicamente se limitou a pedir o básico necessário para que os palestinos em Gaza não morressem de fome e de sede e tivessem um mínimo de assistência hospitalar, como relatado em dois pontos da resolução:
“Insta fortemente a contínua, suficiente e sem impedimentos provisão de bens e serviços essenciais para civis, incluindo eletricidade, água, combustível, alimentos e suprimentos médicos, enfatizando o imperativo, de acordo com o direito internacional humanitário, de garantir que civis não sejam privados de objetos indispensáveis à sua sobrevivência.”
Apesar de toda a vergonhosa capitulação, a proposta brasileira foi cinicamente vetada pelos norte-americanos e com um detalhe importante, representado pelas mãos da prosaica “mulher negra empoderada”.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas Greenfield, levantou a mão para vetar qualquer tipo de ajuda humanitária à Gaza:
“Os EUA estão desapontados que a resolução não cita o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora.
Greenfield é o exemplo acabado da finalidade da política identitária, que é trazer negros e outras populações oprimidas para fazer o papel de verdadeiros capitães do mato, uma posição monstruosa e absolutamente vergonhosa.
Assim como na guerra do Iraque o rosto que representava os norte-americanos era o da também “mulher negra empoderada” Condoleezza Rice, agora mais uma vez os norte-americanos colocam a face da população negra para aparecer fazendo o trabalho sujo dos homens brancos do Imperialismo. É essa a “posição de destaque” que a política identitária tem a oferecer.