Não teve declaração de Djamila Ribeiro contra o colonialismo. Provavelmente fazer propaganda para a Chevrolet “incentivando mulheres a dirigir” ou para a Prada (incentivando mulheres a gastarem dinheiro) é muito mais “decolonial”.
Não teve declaração de Sônia Guajajara contra o colonialismo. Provavelmente, dar uma banana para um quadro de D. Pedro II (era um protesto contra a Independência do Brasil, proclamada por D. Pedro I) é muito mais “decolonial”.
Txai Suruí, colunista da Folha de S. Paulo, parece não ter muito a declarar sobre o colonialismo nesse momento.
A mesmo coisa vale para qualquer identitário que adora se pronunciar sobre o colonialismo. Eles são tão “radicais” que qualquer branco é um opressor, qualquer homem é um machista.
Qualquer história é colinial. Qualquer “luta” contra o europeu malvado está na ordem do dia.
O identitarismo se apresenta como a coisa mais radicalmente contra o colonialismo que a humanidade já viu na história.
Pena que tudo isso não passa de blá-blá-blá. É preciso denunciar o colonialismo de 400, 500 anos atrás. O Brasil nem deveria existir, é um produto da “colonização genocida contra os povos originários”.
Radicalismo de aparência. Radicalismo cuja única função é atacar a cultura nacional.
O problema é que há um colonialismo bem atual. Um verdadeiro – não fictício – genocídio contra um povo – não um povo imaginário que teria existido há 500 anos – que está sendo massacrado agora.
O Estado de Israel, apoiado pelo imperialismo – atual -, está cometendo um genocídio contra um povo escuro e oprimido. O Estado de Israel, composto e formado principalmente por Europeus – brancos de olhos claros.
Lendo os identitários, os ingênuos acreditavam que qualquer branco, qualquer europeu, qualquer opressor merecia o cancelamento total, o desprezo, a denúncia.
Mas não. Todos os identitários estão de boca fechada. Ninguém liga para os palestinos, para os árabes. O europeu israelense parece que nem é tão opressor assim.
Boca fechada. Nem um pronunciamento. Nada!
O caso da Palestina mostrou a cara dos identitários. Seu “decolonialismo” é de mentira. Sua ideologia segue o que diz o imperialismo. Denúncia é só quando o imperialismo permitir. Deixa os árabes morrerem, eles não merecem atenção.