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Euromaidan 2.0

Imperialismo prepara nova “revolução” colorida na Georgia

A cada dia que passa o imperialismo perde o controle de sua ditadura mundial. De forma que é necessária abrir outra frente para conter o avanço da Rússia e demais países oprimidos

Imperialismo planeja um Maidan 2.0 contra a Geórgia, segundo denúncia feita pelo sítio de notícias The Grayzone.

Mas o que é um “Maidan”?

Basicamente um tipo de “revolução” colorida, ou seja, um golpe de Estado arquitetado e posto em prática pelo imperialismo, para derrubar governos que estejam sendo um obstáculo aos seus interesses. “Revolução” colorida é um tipo golpe que se utiliza extensivamente de ONGs, as quais levam às ruas amplos setores da população, em especial das classes médias, para fazer com que o golpe tenha uma aparência de algo popular, de uma revolução.

O nome “Maidan” vêm da “revolução” colorida que ocorreu na Ucrânia em 2014.

Esse golpe contou com a atuação sistemática de ONGs financiadas pelo imperialismo, e também de milícias nazistas ucranianas, que passaram a fazer parte do regime que se seguiu ao golpe.

O governo pró-imperialista da Ucrânia desatou uma guerra civil contra a população do leste, majoritariamente russa étnica. Eventualmente, fez parte da manobra do imperialismo para colocar a Ucrânia na OTAN, a fim de cercar a Rússia completamente, para então destruir o gigante do leste europeu. Isto acabou por desatar atual guerra na Ucrânia.

Com o fracasso do imperialismo em utilizar o país do leste como bucha de canhão contra a Rússia, e com a derrota iminente da Ucrânia, agora os Estados Unidos buscam atuar em outra frente, que também faz fronteira com a Rússia: a Geórgia.

Conforme denunciam os jornalistas do The Grayzone, recentemente em Tbilisi, capital da Geórgia, foram presos agentes do imperialismo que estariam planejando um golpe à Maidan. A informação foi divulgada pela agente imperialista de notícias, Radio Free Europe através de seu portal em russo Slobodna Evropa.

Tais agentes são funcionários do Centro de Ações e Estratégias Não-Violentas Aplicadas (CANVAS), e estavam temporariamente na Georgia para auxiliar políticos e ativistas (de ONGs) de oposição ao governo a preparar o golpe.

O CANVAS é ONG financiada pelos EUA e com laços estreitos com a CIA, através do National Endowment for Democracy (NED).

Lembrando, o NED basicamente é uma fachada da CIA, que foi criada na década de 80 para levar a cabo a cínica política “democrática” do imperialismo. É utilizada como fachada para uma propagada pseudo popular que faz parte do processo de golpes de Estado. Sua criação foi necessária pois, não era mais possível aos EUA propagandear a atuação da CIA como democrática, afinal, os golpes realizados no período anterior resultaram não em democracia, mas em ditaduras fascistas brutais em todo o mundo.

Segundo seu sítio, o CANVAS está presente em 52 países, tendo treinado 16.048 ativistas. Gabam-se de 126 campanhas bem sucedidas (dentre revoluções coloridas ou pressões para governos de países oprimidos se curvarem mais perante o imperialismo).

Atuando da Venezuela ao Leste Europeu, são especialistas em golpes de Estado na modalidade revolução colorida. Caso as condições para golpes não estejam dadas, concentram-se em pressionar governos para serem mais subservientes aos países imperialistas.

É uma organização golpista desde sua origem. Surgiu do Otpor!, ONG Iugoslava que participou diretamente do golpe que derrubou Slobodan Milosevic, que acabou por levar, eventualmente, ao término do processo de desmembramento da Iugoslávia, que havia sido iniciado na década de 80.

Uma vez cumprida sua missão na antiga Iugoslávia, o CANVA foi passou a atuar na Geórgia, criando artificialmente um movimento de jovens e estudantes, o Kmara. Tal movimento teve papel de proa na Revolução das Rosas, uma revolução colorida que levou ao poder o capacho do imperialismo Mikheil Saakhashvili, em 2003.

Conforme expôs o Grayzone:

“A proximidade do CANVAS com a inteligência dos EUA foi amplamente detalhada em 2011, quando e-mails vazados expuseram como a líder do Otpor e fundadora do Centro, Srda Popovic, trabalhava em segredo com a Stratfor, uma empresa de segurança privada conhecida como ‘The Shadow CIA’”.

“Entre outros atos flagrantes, os e-mails mostravam que Popovic […] também produziu um guia para a empresa sobre como destituir o presidente venezuelano Hugo Chávez”. 

Pois bem, no dia 18 de setembro o Serviço de Segurança da Georgia deu uma declaração de que o golpe estaria sendo preparado.

Segundo o órgão, por trás desse plano estão “certos grupos de indivíduos que actuam no território da Geórgia e para além das suas fronteiras”, em específico naturais da Georgia que agora fazem parte do governo nazista da Ucrânia. Dentre essas pessoas estão: Giorgi Lortkipanidze, vice-chefe da inteligência militar da Ucrânia, que foi vice-ministro do Interior no governo de Saakashvili, é apontado como o autor do plano. Também é mencionado um ex-segurança do ex-presidente Mikheil Saakashvili, Mikhail Baturin. Outra figura é Mamuka Mamulashvili, membro da comitiva mais próxima de Saakashvili e comandante da Legião Georgiana que opera na Ucrânia, uma unidade militar de tipo fascista, incorporada ao Ministério da Defesa Ucraniano.

Mas por quê um Maidan 2.0 na Georgia?

Atualmente, o governo da Georgia, chefiado pelo primeiro-ministro Irakli Garibashvili, e o partido político Sonho Georgiano, do qual ele é membro, são vistos pelo imperialismo como pró-kremlin, muito embora o governo seja um equilibrista entre o Leste e o Oeste, pendendo mais para a capitulação perante o imperialismo.

Essa visão, se já existia antes, se acentuou desde o início da guerra na Ucrânia. Vejamos que diz o Grayzone:

“Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Sonho Georgiano tem sido retratado pelos meios de comunicação ocidentais como um veículo para a influência do Kremlin. Na realidade, o governo tem procurado encontrar um equilíbrio entre o fortalecimento dos laços ocidentais, a promoção da adesão à UE e à NATO, e a manutenção da coexistência civil com os seus vizinhos em Moscovo. Este acto tornou-se cada vez mais insustentável ao longo dos últimos 18 meses, com a pressão ocidental para impor sanções a Moscovo – de longe um dos maiores parceiros comerciais de Tbilisi – e enviar armas para Kiev, aumentando constantemente.

Esforçar-se para cumprir os regimes de sanções dos EUA e da UE e condenar a invasão na ONU são aparentemente insuficientes para Washington, Bruxelas e Kiev. Em Dezembro de 2022 , o primeiro-ministro Irakli Garibashvili revelou que o governo ucraniano o instou repetidamente a abrir uma “segunda frente” na guerra por procuração contra a Rússia, e que a sua recusa em fazê-lo não foi bem recebida”.

Assim, a insatisfação dos Estados Unidos e da Europa Ocidental é a de que o governo não é suficientemente contra a Rússia. Daí os planos de uma revolução colorida.

Sobre o partido Sonho Georgiano chegou ao poder após o fracasso de Mikheil Saakashvili, líder da Revolução das Rosas, a qual o alçou ao cargo de primeiro-ministro entre 2004 e 2007, e de presidente entre 2008 e 2013. Sua gestão pró-imperialista foi desastrosa. Implantou uma política neoliberal puro-sangue, e reprimiu o povo de forma brutal, gerando um nível de instabilidade que forçou o imperialismo a ceder terreno para o Sonho Georgiano em 2013, a fim de se estabilizar a situação.

Contudo, desde então a conjuntura política mudou drasticamente, no sentido de um profundo enfraquecimento do imperialismo.

Como os planos do imperialismo de utilizar a Ucrânia para dominar a Rússia fracassaram, eles buscam uma nova frente para atacar o gigante do leste-europeu. Localizada no Cáucaso, a Georgia faz fronteira com o sul da Rússia, com é banhada pelo mar negro pelo oeste, com o norte da Armênia e do Azerbaijão e com o noroeste da Turquia. Posição estratégica pra o imperialismo, tanto no que diz respeito ao cerco à Rússia, como também para exercer sua ditadura no Cáucaso e na fronteira entre o continente asiático e o europeu, buscando também controlar a Turquia.

Assim, um golpe de Estado na Georgia se não é iminente, já surge no horizonte. E há grandes chances de ser bem sucedido. Basta lembrarmos das manifestações que foram induzidas pelo imperialismo no primeiro semestre desse ano. Não seria exagero dizer que elas foram um prelúdio de uma revolução colorida, ou mesmo uma tentativa.

No mês de março, já ciente dos perigos de um Maidan, o governo Georgiano elaborou uma proposta de lei exigindo que as ONGs que operam no país fossem registradas com “agentes estrangeiros”, caso mais de 20% de suas receitas fossem advindas de países estrangeiros. A lei teria prejudicado a atuação desses agentes do imperialismo de forma significativa. Afinal, caso as ONGs fossem consideradas agentes estrangeiros, seria mais fácil a um Estado nacional desbaratar uma intervenção golpista.

Diante disto, o imperialismo colocou as ONGs para mobilizar grande parte da população, em especial a de classe média, para protestar contra o governo.

Ocorre que a Georgia é um país infestado de ONGs e fundações.

Já foi alvo de uma revolução colorida em 2003, e a queda de Saakhashivili em 2013 não foi seguida de um expurgo dessas organizações imperialistas. Assim, o imperialismo conseguiu produzir uma manifestação em Tiblisi, capital, que levou mais de cem mil pessoas às ruas, de forma que o governo teve de recuar em seu projeto de lei. Caso contrário, seria derrubado.

Como o recuo se deu de forma rápida, não foi possível criar o ambiente para que um Maidan fosse desatado à época. Afinal, um golpe de Estado é algo custoso, gerando uma situação instável que pode fugir de controle.

Contudo, desde então, com o fracasso retumbante na Ucrânia, e a iminente derrota do imperialismo para a Rússia, a situação se agravou para o bloco imperialista.

A cada dia que passa o imperialismo perde o controle de sua ditadura mundial. De forma que é necessária abrir outra frente para conter o avanço da Rússia e do bloco dos países oprimidos.

Precisa recuperar o terreno perdido, em especial diante do fortalecimento da Rússia, da China e do afastamento da Turquia. Como governo da Georgia não está sendo subserviente o suficiente, um Maidan 2.0 está na ordem do dia.

A volta de Saakhashivili para a Georgia em 2021 não foi coincidência. Tendo liderado a Revolução das Rosas em 2003, certamente teria a contribuir para um novo golpe imperialista, senão assumir uma posição de proa. Seu retorno, inclusive, aponta para a possibilidade de que uma nova revolução colorida está sendo planejada há pelo menos dois anos.

E, apesar de Saakhashivili ter sido preso pelo governo Georgiano, os recentes ocorridos relatados nesse artigo mostram que um novo golpe está sendo arquitetado, podendo estar em um estágio já bastante avançado.

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