O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) não é um grupo terrorista. É um partido que encabeça a luta dos palestinos pela libertação nacional do jugo de Israel e do imperialismo. E sua ação no dia 7 foi uma ação histórica e heroica da resistência palestina contra seus opressores, um exemplo para todas aqueles que lutam pelos oprimidos.
É preciso sempre deixar isto claro, pois a imprensa imperialista continua fazendo a propaganda cínica e canalha de que a ação revolucionária do Hamas foi terrorismo. Tudo isto para criar uma falsa equivalência entre a violência do Estado de Israel e a do partido islâmico e seu braço armado, em síntese, entre a violência do opressor (Israel) e a do oprimido (Hamas e palestinos).
Essa falsa equivalência é necessária para o imperialismo continuar defendendo a política genocida dos sionistas, que há mais de 75 anos recai sobre o povo palestino. É propaganda de guerra.
Com o 11 de setembro, a luta contra o “terrorismo” se tornou uma das principais políticas do imperialismo, em especial o mais poderoso: o norte-americano. Embora esse tal combate ao “terrorismo” já existisse antes, houve uma mudança qualitativa. A partir de 2001, absolutamente toda a máquina de propaganda controlada pelo imperialismo martelou diariamente na cabeça da população mundial uma paranoia entorno do “terrorismo”.
Segundo a propaganda oficial, o “terrorismo” e os terroristas representam uma ameaça ao mundo civilizado, a todos os valores democráticos, a toda a cultura conquistada pela humanidade. Assim como toda propaganda imperialista, tratou-se de uma máscara para encobrir a realidade.
A realidade é que os “terroristas” nada mais eram de que militantes oriundos de países completamente destruídos pelo imperialismo, como Iraque e Afeganistão.
Após ver seus países serem bombardeados incessantemente, verem suas esposas e filhos serem assassinados, seus amigos serem torturados até a morte, essas pessoas resolvem revidar, da maneira que podem. E isto é chamado de “terrorismo”.
O “terrorismo” nada mais é que uma forma da reação violenta do oprimido contra a violência brutal e frequentemente genocida do opressor.
É verdade que muitas vezes essa reação e caótica e não muito efetiva para fazer avançar a luta? Sim, contudo, deve-se ter em mente que são pessoas que perderam absolutamente tudo da forma mais violenta possível. Assim, não se pode esperar que a ação seja moderada e minuciosamente calculada. Muito menos se deve esperar que os oprimidos se manifestem de forma pacífica.
Quando se é tratado com brutalidade, a reação brutal contra seu opressor é mais que legítima. É necessária para acabar com a opressão.
Taxar isto de “terrorismo” só serve para a opressão ser mantida.
E, no caso da Palestina, serve para que o regime de apartheid que Israel criou seja mantido intacto.
O único terrorismo aqui é o de Israel contra os palestinos, que vem bombardeando-os incessantemente desde o dia 7 de outubro. Mas esse terrorismo sionista não é de hoje. Somente nesse ano de 2023, antes do início do recente conflito, Israel matara mais de 100 palestinos, dentre eles 34 crianças. Número este maior que o do ano de 2022 inteiro, que já havia sido o mais letal para crianças palestinas em 15 anos.
Aliás, o próprio Estado fictício de Israel é formado sobre a expulsão de cerca de um milhão de palestinos de suas terras, para a qual milícias fascistas sionistas, tais como a Haganá, a Irgun e a Lehi, levaram a cabo o mais abjeto terrorismo contra a população palestina da região. Um nível de violência comparável ao que o nazismo fez na União Soviética e ao que Império do Japão fez com a China e a Coréia.
As milícias sionistas destruíram e despovoaram cerca de 600 cidades e vilas. E quando se diz despovoaram, não foi somente expulsão. Milhares de pessoas foram assassinadas brutalmente, inclusive queimadas vivas. Mulheres foram estupradas e crianças assassinadas. Poços de água foram envenenados, inclusive com doenças contagiosas. As brutalidades que a imprensa imperialista e Israel acusam o Hamas e o palestinos foram cometidas justamente pelos sionistas em 1948, ao expulsar os palestinos de suas terras.
E o que dizer do massacre de Sabra e Chatila, quando milícias de cristãos maronitas assassinaram brutalmente milhares de palestinos, com a conivência e ajuda de Israel?
Isto é o verdadeiro terrorismo. A violência brutal do opressor contra o oprimido. E, no caso de Israel e Palestina, os casos de violência sionista são incontáveis.
A ação do Hamas não foi nada além de uma reação dos oprimidos, motivada pelo ódio a uma brutal repressão acumulada durante mais de 75 anos de martírio. Assim, não só não foi terrorismo, como também foi uma reação extremamente moderada.
Reduzir o Hamas a uma mera organização terrorista e a “terrorismo” sua luta contra os seus opressores, dos palestinos contra os sionistas, serve tão somente para legitimar o apartheid que Israel impões sobre o povo da palestina.
Isto jamais deve ser feito pela esquerda. O que deve ser feito é justamente o contrário. A esquerda deve comemorar e ação do dia 7 e apoiar incondicionalmente a luta de grupos como o Hamas, grupos que lutam pela libertação de seu povo do jugo do imperialismo.