Em mensagem de voz enviada para a imprensa palestina, o escritor Ahmed Abu Artema, um dos fundadores da Grande Marcha do Retorno, falou sobre como o mundo poderia apoiar a luta do povo sofrido da Palestina. “A prioridade agora é protestar. Precisamos de protestos muito, muito, muito grandes nos Estados Unidos, na Europa, em todos os lugares, para dizer o suficiente, para dizer parar o genocídio”, disse o escritor.
Ahmed Abu Artema iniciou seu pronunciamento destacando a dificuldade em se comunicar: “há muito poucas vezes que eu posso me conectar à internet. A situação em Gaza é muito louca. Não há eletricidade, nem internet, nem suprimentos”.
Ahmed Abu Artema classifica o massacra operado pelos israelenses há sete décadas como um “literalmente um genocídio” e conclui com uma proposta bastante objetiva:
“Esta é a coisa mais importante a fazer agora: organizar protestos colossais em todas as cidades, em todos os lugares, e dar um basta a este genocídio! Chega desse massacre que Israel está cometendo contra crianças, contra famílias”.
A colocação Ahmed Abu Artema traz à tona uma série de questões importantes sobre o conflito no Oriente Médio. A primeira é a de que, para os palestinos, a situação é diametralmente oposta àquela apresentada pela imprensa golpista: as “pobres vítimas” de Israel são, na verdade, promotores de algumas das maiores atrocidades já produzidas pela humanidade.
A segunda questão importante é que, para os palestinos, a luta contra o Estado policial de Israel é algo que unifica todos os povos árabes e, talvez, todos os povos oprimidos do planeta. Quando Ahmed Abu Artema pede que o mundo proteste contra o genocídio em curso, não se trata de uma jogada demagógica e vazia, como fez o presidente deposto do Gabão, Ali Bongo, que pediu para que seus “amigos” “fizessem barulho”.
O chamado do escritor está diretamente conectado a uma tendência real de mobilização contra o Estado de Israel. Os tais “protestos colossais” em todo o mundo não simplesmente um desejo dos palestinos, mas sim algo que está verdadeiramente colocado na ordem do dia. A decisão do governo francês de proibir os protestos pró-Palestina mostra claramente como há uma forte tendência neste sentido.
A ação do Hamas contra o Estado de Israel pode acabar levando, no final das contas, a uma grande insurreição dos povos árabes e de todo o mundo contra um dos mais importantes pilares da dominação imperialista mundial. Por isso, não apenas a Palestina deve ser apoiada na guerra contra Israel, como é dever de toda a esquerda mundial organizar manifestações de apoio em todo o planeta, de forma a desenvolver a crise instaurada na ordem mundial.