Colunista de um dos principais órgãos do imperialismo mundial, o norte-americano The New York Times (NYT), o jornalista americano Bret Stephens publicou na edição do último dia 10 do diário, o artigo intitulado “The Anti-Israel Left Needs to Take a Hard Look at Itself”. No artigo, Stephens pede à esquerda para dar uma boa olhada nas posições do campo, referindo-se em especial à resistência a dedicar alguma “simpatia pela angústia de Israel” ou “algum aceno banal para a causa da paz e da não-violência”. Poderíamos perguntar o mesmo ao cidadão: por que tamanha resistência em condenar os diversos crimes da ditadura nazista de Israel? Porque “a causa da paz e da não-violência” deve ser observada para Israel, mas não para a Palestina?
Para apoiar o seu ponto de vista (e do imperialismo), Stephens caracteriza o antissionismo como “uma forma atualizada de antissemitismo”. Uma forma canalha de fugir do debate, tirá-lo do campo político e levá-lo ao da moral.
Ao contrário do que o malabarismo retórico acima tenta fazer, o antissionismo refere-se à oposição a uma política. No caso em questão, a uma surgida no final do século XIX, que defendia a reconstrução de um Estado judeu independente onde há pelo menos dois milênios os palestinos se estabeleceram.
Embora impulsionada sobretudo pelo imperialismo britânico, os judeus habitantes da Europa jamais demonstraram entusiasmo pela política até o advento do nazismo, quando as potências imperialistas e a União Soviética dirigida pelo stalinismo fizeram uma grande campanha em favor da criação de Israel. Cada um atrás de seus interesses e nenhum considerando os habitantes do então protetorado britânico da Palestina.
Fundamentalmente, portanto, o antissionismo é a defesa de uma Palestina livre da opressão imperialista, que estuprou a nação, já na época oprimida pelo colonialismo britânico. Colonos majoritariamente europeus foram enviados para terminar de transformar o país em um enclave do imperialismo na região produtora da mais importante commodity do capitalismo, o petróleo.
Por outro lado, ao falarmos de semitismo, estamos nos referindo a um grupo étnico amplo, que compreende de hebreus a árabes. Considerar o apoio aos povos da Palestina uma política antissemita, como quer fazer crer o jornalista, seria uma contradição em termos.
Lutando não apenas contra a esquerda, mas com a realidade, o articulista de NYT continua seu artigo considerando uma “mentira” dizer que Israel “criou deliberadamente uma ‘prisão a céu aberto’”. “Israel desocupou o território há quase 20 anos apenas para ser recompensado por ataques intermináveis de cima e de baixo do solo”, diz Stephens.
O jornalista diz ser uma mentira, mas foge do mérito do destino dado à Faixa de Gaza, apresentando uma desculpa para o caso, equivalendo a uma confissão de culpa envergonhada.
“Pró-Palestina”, diz o articulista,“para muitos deles, é pró-Hamas”, acrescentando críticas a quem considera o antissionismo “uma posição política respeitável”. Ora, surpreendente mesmo é alguém considerar o sionismo uma posição respeitável. Agora, no conflito em andamento, dos 1.799 palestinos mortos no último balanço divulgado, no dia 13, pelo menos 500 vítimas eram crianças, o principal grupo entre as vítimas da carnificina promovida por Israel em Gaza.
“Estou falando”, continua o norte-americano, “de narrativas que parecem calibradas para criar a impressão ultrajante de que os soldados israelenses matam deliberadamente crianças palestinas.” Stephens pode até considerar uma “narrativa” a denúncia do infanticídio, mas o fato é que a ditadura nazista de Israel se esforça com muito afinco para dar concretude à acusação rejeitada pelo jornalista.
O colunista de NYT ainda reproduz a mentira divulgada pela propaganda pró-Israel da morte de bebês, mas evidenciando sua hipocrisia,
Naturalmente, pessoas civilizadas jamais se regojizarão com a perda de vidas humanas. Cumpre então considerar a raiz do problema para as tragédias cessarem, e aqui, não há tergiversação possível: a raiz de todas as desgraças é Israel.
A decisão do imperialismo de manter o enclave imperialista de Israel e sustentá-lo sobre a base de uma ditadura nazista só terá como resultado a barbárie por parte dos oprimidos. Stephens pode continuar negando a relação dialética entre a barbaridade do opressor e a brutalidade da reação do oprimido quando esta chega, contudo, ela sempre vem, de formas similares à ofensiva liderada pelo Hamas contra jovens hipsters em uma rave. E nunca é bonita.