A crise no interior do regime imperialista norte-americano tomou proporções verdadeiramente inéditas. No último dia 3, o presidente da Casa dos Representantes dos EUA (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil), o Republicano Kevin McCarthy, foi derrubado por iniciativa de congressistas de seu próprio partido. Foram 218 votos pela destituição contra 210. É a primeira vez em 234 anos de história da Casa que o presidente é destituído.
O republicano McCarthy foi eleito após impasse na câmara baixa do parlamento norte-americano, que somente formou maioria após 15 votações. McCarthy aliou-se aos democratas mais próximos ao presidente Joe Biden e com e com a ala direita dos republicanos, um arranjo político complexo, que envolvia a política de austeridade, questões relativas à Ucrânia, dentre outras. A ala direita dos republicanos, entretanto, entrou em atrito com McCarthy, sobretudo, após este possibilitar a aprovação do projeto que libera provisoriamente o financiamento para as agências e órgãos federais do país, sem o qual haveria uma paralisia do governo Biden.
O deputado republicano da ala direita, Matt Gaetz, entrou com ação para a destituição do presidente, sendo acompanhado por todos os deputados democratas e ainda 8 deputados republicanos. Os republicanos têm maioria do congresso, com 218 votos. Com a destituição, abre-se caminho para a ala mais à direita dos republicanos, opositores mais ferrenhos do governo Biden, conquistarem o apoio do partido e à presidência da Câmara, o que colocaria o governo Biden em situação ainda mais delicada.
O partido Democrata, caso não consiga firmar acordo com a ala moderada dos republicanos para ou apoiar um candidato republicano moderado, disposto a colaborar em certos pontos com a política do governo Biden, ou conseguir lançar um candidato único e conquistar apoio entre setor dos próprios republicanos, amargara derrota importante, dando ao Congresso um presidente da ala mais à direita e com maioria. Isso a um ano da eleição presidencial.
A extrema-direita republicana tornar-se cada vez mais forte e aumenta a crise no interior da burguesia imperialista dos EUA. E quando os de cima brigam, surgem as melhores possibilidades para a luta dos de baixo.