É inadmissível que, em um país com tanta diversidade, nós não tenhamos uma mulher verde nas cortes superiores do país. O preconceito contra pessoas radioativas tem de acabar. O fato de brilharem no escuro não pode ser motivo de preconceito. Não são pessoas diferentes. Quer dizer, muito diferentes (apesar de terem três metros de altura, serem verdes e radioativas).
Tudo começou com a indicação de Joaquim Barbosa para a corte suprema. Era inadmissível que em um país de maioria negra não houvesse um negro no STF. Lula indicou, então, Joaquim Barbosa. E o que fez o ministro negro? Decapitou o PT no processo do Mensalão, mandando prender as principais lideranças ideológicas do Partido. E chegou até mesmo a inventar um tal de “Domínio do fato”, para prender José Dirceu.
Para quem não se lembra, o Mensalão era uma caixinha paga mensalmente a deputados para votarem a favor das pautas do governo. Não havia provas do envolvimento de José Dirceu naquilo, mas, segundo o Ministro, ele “deveria” saber. O Código de Processo Penal acabava de se transformar numa arma política.
O mais ridículo é que os deputados que recebiam a tal caixinha deveriam ter sido processados, por corrupção passiva. Onde estava o “domínio do fato”, pois não há fato mais óbvio de que se há alguém que corrompe deverá haver alguém corrompido.
Depois dessa novela, veio a questão da mulher. A linguagem é a mesma. Num país com maioria de mulheres era um absurdo que houvesse tantos homens na corte e nenhuma mulher. Então, um bando de mulheres reacionárias começou a povoar a corte. Rosa Weber, recém aposentada do STF foi uma das principais vozes a apoiar a prisão em segunda instância, colocar Lula na cadeia e contribuir para o assassinato de 700 mil brasileiros durante a pandemia, devido à política de braços cruzados de Bolsonaro. Ainda que posteriormente viesse a afirmar que a prisão em segunda instância era inconstitucional, o mal já estava feito.
Agora chegou a vez de juntar a questão do negro com a da mulher e impor a Lula uma “mulher negra”. Vejam bem, uma “mulher negra” e não “uma negra”.
Trata-se de uma campanha patrocinada pelo imperialismo para impor ao governo brasileiro um ministro afinado com as ideias do imperialismo. Cartazes em Nova Déli, vídeo na Times Square. Propagandas caríssimas. Quem está por trás disso? São ONGs brasileiras patrocinadas por entidades norte-americanas, como, por exemplo, a Fundação Ford.
Poucos dias atrás, alunos da Faculdade de Direito da USP colocaram um cartaz exigindo “mulher negra no STF”. Questionei-os tentando mostrar a eles que aquilo era uma pauta do imperialismo. Responderam com uma tese muito fraca: “Não, o imperialismo está tentado apropriar-se dessa campanha, mas a campanha é nossa.”
Será?
Aprova de que a campanha é imperialista está nos próprios dizeres do cartaz: “Lula, queremos uma mulher negra no STF”. Se a campanha fosse doméstica, como disseram, no cartaz deveria estar escrito: “Lula, queremos uma negra no STF”, pois é assim que dizemos em português. A língua portuguesa flexiona os adjetivos: negro, negra, negros e negras. A língua inglesa, não. É preciso colocar “mulher” ou “homem” para indicar o gênero. Na língua inglesa não há como dizer “negra”, é obrigatório que se diga “mulher negra”, pois nela não se flexionam os adjetivos.
A campanha vem de fora sim. Prova disso é que o próprio cartaz parece uma tradução mal feita.