Ano que vem é ano de eleição e as conversas sobre a disputa do pleito já começam a ressurgir. Alianças, estratégias, que candidatos lançar, como lançá-los, enfim o jogo da política. Todos os partidos fazem um processo parecido, é o momento de puxar tapetes e começar a briga de foices no escuro, menos o PCO.
Conversando com companheiros de outros partidos de esquerda, poucos parecem entender por que o PCO concorre à eleição e até como está vivo e crescendo até hoje. Para eles, o fato do PCO não ter ninguém eleito é uma deficiência do partido e uma demonstração de fraqueza. Não entendem como funciona um partido como o nosso.
É possível para nós eleger alguém no legislativo. No Brasil é só uma questão de dinheiro. Não seria tão fácil quanto conseguir os votos, pois para um partido como o PCO, é preciso conseguir mais do que os votos, é preciso eleger alguém de forma tão acachapante que fique difícil de fraudar. Porém, dá para fazer, e se fosse nosso foco nós o faríamos. Estamos sem fundo partidário, mas não deixamos de existir, temos 1 segundo de propaganda eleitoral na televisão (literalmente), uma série de arbitrariedades foram impostas pelo TSE, de modo que as candidaturas do PCO, e de qualquer um que não tenha um enorme escritório de advocacia à sua disposição, sejam cassadas, mas mesmo assim, com uma campanha militante que arrecade bastante dinheiro e recursos para eleger um militante nosso ao legislativo, nós conseguiríamos.
O problema é que não é esse o nosso foco. Se um dia o fizermos, e pode ser que o façamos em um futuro breve, será uma demonstração de força, de que não o fizemos até agora porque não queremos, e para colocar o PCO nos meios de comunicação e para o Brasil inteiro. Mas temos plena consciência que o único valor dessa vitória eleitoral será a campanha que faremos nas ruas e o destaque que isso pode nos dar. Sabemos que no legislativo não teremos força nenhuma e não esperaremos de lá nenhuma mudança.
Para o PCO, mais importante que eleger alguém para esquentar um assento em Brasília, é construir um partido militante. Trocaríamos facilmente 100 deputados por 100 bons militantes. Quadros cujo alcance no movimento operário e de juventude seria bem maior do que qualquer representante no legislativo.
Os partidos que se preocuparam em eleger e influir na política através do legislativo acabaram fazendo disso seu principal objetivo. O PT é um bom exemplo do que acontece com um partido quando adota essa política, os militantes vão ficando de lado e o partido passa a ser controlado por uma burocracia fisiológica, que por fim chantageia os militantes com cargos e dinheiro. Dessa forma, um partido de esquerda ou vira de direita, tomado pela sua burocracia, ou se esfacela completamente. No Partido dos Trabalhadores, Lula é quem mantém o partido unido e à esquerda, mas Lula não é imortal, infelizmente ninguém é, e dificilmente o PT resistirá após Lula se aposentar ou nos deixar. O metalúrgico foi fruto da época mais radical do partido, foi fruto da luta contra a ditadura e a ascensão do movimento operário, por isso é tão popular, nas atuais condições e com a política de alianças do PT, por mais contraditório que seja, pois esta é a política de Lula, outro líder de massas igual jamais aparecerá.
Por isso, o foco de todo militante revolucionário sempre deve ser construir o Partido, pedra por pedra. Sempre será mais importante formar quadros, através do ensino teórico e prático. Um partido unido, coeso e bem construído é o remédio contra o oportunismo e o caminho para realmente mudar o país.
Artigo publicado, originalmente, em 29 de novembro de 2021.