Uma colunista do golpista Estado de S. Paulo, Vera Rosa, divulgou em seu espaço que “uma sexta-feira do fim de agosto quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que tinha urgência em falar com Simone Tebet, acrescentando que a ministra foi “logo contatada por telefone” e que “a pressa de Lula não era à toa: o Brasil precisava autorizar, ainda naquele mês, uma operação para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina” (“Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Milei”, 3/10/2023). Publicada às 20h do dia 3, a coluna foi atualizada às 11:29 do último dia 4, sem nenhuma correção relevante, mas com um pequeno problema: nada disso ocorreu.
“Lula não me ligou”, disse a ministra à rede CNN, acrescentando: “Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor”. A matéria da CNN consta como publicada às 9:07 do dia 4, com uma atualização às 13:48, indicando tempo mais do que suficiente para que a colunista do Estado fizesse a correção do suposto erro, porém até o fechamento desta edição do Diário Causa Operária, a coluna de Rosa permanece inalterada.
Nas redes sociais, mesmo após o desmentido de Tebet, a publicação do Estado continua sendo útil para a campanha do candidato presidencial argentino Javier Milei. Neoliberal feroz, o representante da extrema-direita argentina promete dolarizar a economia do país vizinho, o que representaria uma tragédia para as empobrecidas massas da Argentina, mas fariam a festa dos banqueiros norte-americanos, a quem o Estado de S. Paulo também serve em primeiro lugar.
Em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), Javier Milei aproveitou a bola levanta pelo Estado para escrever:
“TREME A CASTA VERMELHA Muitos comunistas furiosos com ações diretas contra mim e meu espaço… AVANÇOS DE LIBERDADE VIVA A PORRA DA LIBERDADE”, com seu estilo habitual. Após uma primária arrasadora, pesquisas de opinião na Argentina indicavam que a sucessão presidencial segue em aberto no país vizinho, com a pesquisa da Atlas Intel divulgada pelo jornal Perfil no último dia 29 mostrando uma ligeira vantagem do candidato peronista Sérgio Massa, 30,7% das intenções de voto para a disputa prevista para ocorrer no próximo dia 22. Além disso, baseando-se na mentira sustentada pelo Estado, os bolsonaristas já subiram a palavra “impeachment”, referindo-se, naturalmente, ao presidente Lula.
“Isso é criminoso, está interferindo na soberania de um país e abusando do próprio poder para isso. Um processo de impeachment precisa ser instaurado urgentemente! Um escândalo internacional que envergonha o Brasil. Minha solidariedade ao @JMilei”, publicou em seu perfil do X (antigo Twitter) o suplente de deputado estadual de São Paulo pelo Partido Liberal, Lucas Pavanato. Outros seguiram o mesmo caminho, apontando uma suposta intromissão do governo brasileiro nos assuntos de um país soberano, para com isso, pedir o impeachment do presidente Lula.
Trata-se de um cinismo, naturalmente. Quando os EUA submeteram o País à Lava-Jato, nenhum dos direitistas que agora pedem o impeachment de Lula demonstrou qualquer apego à soberania da própria nação, porque, de fato, não possuem nenhuma. No entanto, é relativamente fácil para os golpistas impulsionar uma corrente de opinião contra Lula e se isso servir para fortalecer a candidatura de um aliado político na Argentina, por que não?
Com sua publicação, o Estado coloca novamente às claras que continua o mesmo órgão canalha de antes da Ditadura Militar e, mais recentemente, das campanhas golpistas pela derrubada da ex-presidenta Dilma Rousseff e pela prisão de Lula, e sua consequente proscrição das eleições de 2018. É preciso uma grande campanha contra o financiamento público destinado a alimentar este desprezível instrumento da política imperialista no País, frontalmente inimigo do povo brasileiro e do desenvolvimento nacional.
Mais ainda, o jornal deixa claro que “fake news” é uma invenção contra os órgãos de imprensa que não estão diretamente ligados ao imperialismo, em especial os órgãos independentes que circulam na internet. As mentiras propaladas por jornais como O Estado devem ser combatidas politicamente, com denúncias das manipulações e chamando a população a manifestar seu repúdio ao órgão golpista, combatendo-o com a verdade e não com a repressão.