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Teria mobilizado a população

Chamar Lula para greve não é o mesmo que chamar Biden

O site do MRT faz uma polêmica com a presidência do sindicato dos metroviários de São Paulo para dizer que não se deve chamar Lula para os piquetes

O blog Esquerda Diário, do grupo Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) emitiu uma matéria se colocando contrário à participação de Lula nos piquetes das greves dos metroviários, conforme a própria presidente do Sindicato, pertence à corrente Resistência/PSOL, havia chamado.

No último dia 3, ocorreu a greve unificada dos metroviários, ferroviários e trabalhadores da Sabesp, reivindicando o cancelamento dos estudos para a privatização do Metrô, CPTM e Sabesp, que são parte da política de rapina criminosa do atual governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Alguns dias antes da greve, em meio ao período de preparação e mobilização, o presidente Lula declarou, após o episódio em que Biden falou em um piquete durante a greve das montadoras de Detroit nos EUA, que ele também gostaria de ser chamado para falar com um megafone na porta das fábricas, aos trabalhadores brasileiros.

Em resposta a isso, a presidenta do sindicato, Camila Lisboa, convidou Lula a falar para os metroviários durante um piquete da greve. O gesto seria uma forma de procurar mobilizar mais pessoas para a greve, ao mesmo tempo em que faz uma certa demagogia com o governo do PT, que é a política atual do Resistência/PSOL, que ocupa a presidência do Sindicato dos Metroviários.

Como existe uma polêmica no interior da esquerda pequeno-burguesa sobre qual deve ser a política para lidar com o governo Lula – um lado acredita que se deve fazer demagogia para manter os cargos e as aparências diante do povo, enquanto o outro acredita que se deve atacar o governo a todo momento para, supostamente, esclarecer a população de que Lula seria um “inimigo dos trabalhadores” – a proposta da presidente do sindicato gerou reação negativa por parte de alguns setores.

É o caso do MRT, que publica em seu sítio a matéria “A que serve convidar Lula aos piquetes dos metroviários? Um debate em defesa da independência da nossa greve”. Eles comparam essa proposta com a ação demagógica de Biden, procurando demonstrar que isso seria uma sabotagem da independência do movimento.

Sem entrar propriamente no mérito do convite feito a Lula ou no mérito de por que uma greve que procura combater uma privatização deveria ser algo mais do que apenas um dia de paralisação, é preciso dizer algo sobre a forma como o MRT se refere e aborda a questão Lula em sua matéria, o que vem sendo, inclusive, uma tônica na imprensa da esquerda pequeno-burguesa e nos seus diversos blogues.

Ao citar a demagogia praticada por Biden nos EUA, o MRT diz “Para o grande engodo, Biden rapidamente convocou Lula. Nada como um ex-sindicalista metalúrgico, com décadas de experiência da conciliação de classes, e chefe de um governo de frente ampla a serviço do capital financeiro e da política imperialista para prestigiar o evento”. A afirmação é uma falsificação. Dizer que Lula está a serviço do mercado financeiro é uma gigantesca desonestidade. Ainda que o governo Lula não seja uma grande maravilha e não tenha conseguido grandes resultados positivos para a população, é evidente, pelas declarações e pela quantidade de ataques que ele sofre da imprensa capitalista, que não é um governo que age 100% conforme os interesses da burguesia imperialista e financista.

Para se ter uma ideia, a seção de “investidores” do jornal Estado de São Paulo publicou uma matéria em setembro, dizendo que a proporção do mercado financeiro com uma avaliação positiva de Lula havia caído 8 pontos porcentuais, chegando a apenas 12%, enquanto a avaliação negativa havia subido de 44% para 47%. Dificilmente se poderia considerar que números tão baixos são de um presidente que trabalha pelos interesses desse setor.

O jornal força a mão novamente ao tratar do problema da privatização. O governador do Estado de São Paulo está com planos para privatizar tudo o que for possível no Estado durante a sua gestão, trata-se de uma política de rapina profunda que ele só pode ter aprendido com seus antecessores do PSDB. O MRT compara essa política criminosa com a privatização do metrô de Recife, que é uma queda de braço entre o governo do estado e o governo federal – atual gestor da empresa.

É preciso dizer, primeiramente, que os planos para a privatização do Metrô de Recife foram feitos ainda durante a gestão Bolsonaro, e o setor que tem feito a maior pressão política para que isso aconteça é o governo do Estado do Pernambuco, que é do PSDB. Ainda que o governo do PT esteja se mostrando inerte diante da questão, não é honesto comparar essa situação com a sanha privatista de Tarcísio que quer entregar à iniciativa privada até a água de São Paulo.

Não poderia faltar também no texto uma consideração enviesada do Arcabouço Fiscal, o que já é uma marca registrada dos agrupamentos de esquerda com intenções golpistas contra o governo. O articulista afirma que o arcabouço libera do teto de gastos as privatizações dos estados nacionais. Curiosamente, sempre que se menciona o arcabouço fiscal, esquece-se de falar que, por pior que seja o projeto, e embora ele tenha sido ideia original do Executivo, ele foi mutilado e alterado pela Câmara dos Deputados com a intenção de deixa-lo totalmente aceitável para a burguesia.

É preciso dizer claramente que a comparação feita pelo MRT é totalmente indevida. Ainda que Lula seja o presidente da república, ele não é um político burguês qualquer como Joe Biden. Lula é uma liderança histórica da classe operária brasileira e tem uma capacidade de mobilização gigantesca. O fato de ele ter dito que quer falar aos trabalhadores num megafone mostra uma tímida disposição de Lula em se utilizar de seu peso político para auxiliar na mobilização da classe operária, o que seria muito importante para o movimento.

Nesse sentido, fica claro que a presença de Lula num piquete na greve dos Metroviários teria mobilizado a greve muito mais, trazendo uma quantidade gigantesca de trabalhadores para os piquetes. Todo lugar em que Lula vai falar, ele reúne centenas de milhares de pessoas. Resta saber se a intenção do MRT era simplesmente a de fazer uma crítica a Lula e opor a ele os trabalhadores, ou se não havia a vontade de auxiliar no esvaziamento da própria greve.

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