Representante permanente da Síria na ONU e atual Ministro de Relações Exteriores do país, Bassam al-Sabbagh fez uma detalhada denuncia das atividades dos Estados Unidos em território sírio. A carta, encaminhada para a Assembleia Geral da ONU e para o Conselho de Segurança da organização, dá grande destaque aos prejuízos causados aos setores mineiro e petroleiro do país. Um desfalque calculado em 115,2 bilhões de dólares entre 2011 e o final do primeiro semestre de 2023.
Agindo ao lado de milícias separatistas e grupos terroristas, as forças norte-americanas violam a soberania da Síria e participam do saque às suas riquezas e recursos estratégicos. Ações que, somadas à guerra apoiada pelos Estados Unidos, flagela gravemente a população síria. Desses 115,2 bilhões de dólares, cerca de 27,5 seriam decorrentes de perdas diretas, das quais:
– 21 bilhões foram perdidos por “roubo, desperdício e queima de petróleo já extraído”, algo em torno de 341 milhões de barris, além de 5,9 bilhões de metros cúbicos de gás natural e 413 mil toneladas de gás de cozinha;
– 3,2 bilhões em danos causados por sabotagens e roubo de instalações;
– 2,9 bilhões por danos causados por bombardeios ilegais de instalações de petróleo e gás pela aviação da “coligação internacional” (liderada pelos Estados Unidos, França e Reino Unido).
O ministro sírio aponta então para 87,7 bilhões em “perdas indiretas”, que somam as receitas perdidas pela impossibilidade de operar normalmente as produções de petróleo bruto, gás natural e gás de cozinha. Falando em nome da República Árabe Síria, al-Sabbagh denuncia que as cifras apresentadas se traduzem no sofrimento do povo sírio e na deterioração das suas condições de vida. O objetivo desse sufocamento econômico seria garantir que os sírio “não tenham opções nacionais”, ou seja, que a situação se torne tão desesperadora que a população aceite um governo marionete em troca de alívio econômico.
A carta pede para que os países da ONU ajam urgentemente para interromper as “ações hostis”, a “ocupação” e os “crimes e violações da sua soberania”. Pedem ajuda para que tenha fim a presença ilegal de tropas norte-americanas no país e que sejam devolvidos os territórios ocupados, incluindo os campos de petróleo, gás e outros recursos naturais. Ressaltando que com a melhora da situação humanitária na Síria será possível promover o “regresso voluntário, com segurança e dignidade, dos migrantes e refugiados à sua terra natal”. Por fim, al-Sabbagh conclui que a Síria exige que o governo norte-americano seja responsabilizado por esse roubo e que pague os valores correspondentes a todos os prejuízos causados por suas ações no país.
É claro que não se pode esperar por bom senso da ONU, pois se trata de uma organização do imperialismo para maquiar a situação de ditadura mundial liderada pelos Estados Unidos. Mas é importante repercutir a denúncia dos sírios, que sofrem com as intervenções imperialistas há mais de uma década sem intervalo. Assim como fazem na Síria, os norte-americanos têm como prática comum o estrangulamento econômico de países que procuram atuar com relativo grau de independência, como acontece em países como Venezuela, Cuba, Rússia e China, entre outros.
A carta expõe ainda como o povo do Oriente Médio vê o criminoso estado de Israel, ao citá-lo como “entidade de ocupação israelita” e um dos aliados dos Estados Unidos no ataque ao povo sírio. A demagogia humanista da ONU e de outros porta-vozes do imperialismo cai no ridículo quando confrontada com a realidade cruel vivida nos países tocados diretamente pelos Estados Unidos. Nesses países, eles aplicam exatamente o oposto do que pregam na sua propaganda. Não existem direitos humanos e nenhum humanismo, só a imposição da força bruta.