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Mobilização

Greve na USP avança e aumenta adesão

Entrando em seu 8º dia, a greve na USP cresce em adesão e apoio, contando com solidariedade de outras categorias estaduais que também se encontram em processo de privatização

Entrando em seu 8º dia, a greve na USP cresse em adesão e apoio, contando com solidariedade de outras categorias estaduais que também se encontram em processo de privatização.

O início

A motivação da greve é o sucateamento acentuado da instituição. Embora a USP tenha aparecido pela primeira vez em suas história entre as 100 melhores no Ranking QS World, esse número fala mais sobre o decaimento das outras instituições do que acerca do crescimento da USP.

O número que melhor expressa a situação atual da USP seria a diminuição de 17,56% nos quadro docente entre setembro de 2014, com 5.934, para 4.892 em agosto de 2023, tendo um aumento de 32% no contingente de discentes no mesmo período. Essa realidade implica em salas super lotadas e escassez de matérias optativas, principalmente nas humanidades. 

Com graduações ameaçadas de serem descontinuadas, arte plásticas, por exemplo, teve 11 disciplinas canceladas, o curso de coreano nas letras pode fechar e obstetrícia segue em aflição.

O que a reitoria responde

O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior prometeu encerrar seu mandato com um quadro de 6 mil professores. Tendo dois marcos previstos, 5,4 mil até o fim deste ano, ampliando esse número para 5,8 mil em 2024.

Entretanto, mesmo do cenário pouco provável de cumprimento da promessa do reitor Carlotti, embora a USP retornasse um contingente docente próximo ao de 2014, a realidade seria outra. Para atingir a relação alunos-professores de 2014, que não era a ideal, a USP teria que contar com um corpo discente de  7714 professores.

A campanha ideal da reitoria não atende as necessidades universitárias no seu ponto mais básico, a relação professores, estudantes. Apenas esse ponto já implica diretamente em condições insalubres de trabalho e estudo.

O que os estudantes querem?

Além do básico, corpo docente para ministrar as aulas, há uma série de reivindicação estudantis das quais listamos abaixo:

  • PERMANÊNCIA ESTUDANTIL
    • Aumento da bolsa PAPFE para 1 salário mínimo estadual (R$ 1550) e pagamento retroativo das bolsas canceladas;
    • Volta do critério socioeconômico da bolsa PUB;
    • Bandejão em todas as refeições nos finais de semana e melhorias do CRUSP.
  • CAMPUS DA EACH
    • Implementação do Plano Diretor;
    • Auxílio Manutenção EACH.
  • DIREITOS DEMOCRÁTICOS DOS ESTUDANTES
    • Não permitir a retaliação aos estudantes que participaram da greve: faltas e avaliações;
    • Garantia de reposição de aulas.

O PCO na Greve da USP

Os militantes do Partido da Causa Operária, sejam da comunidade uspiana ou apoiadores, participam desde o início do movimento.

Ultrapassando as questões básicas, os militantes têm levado discussões acerca de reivindicações históricas do movimento. Seguindo a tradição do marxismo, do PCO, para a juventude, a questão do “governo tripartite” na administração das escolas, universidades, com voto global direto, colocando o fim da proporcionalidade.

Orçamento para a comunidade

Um dos pontos principais é a necessidade orçamento suficiente para educação. Esse é um ponto básico para a infraestrutura, técnicos administrativos, educacionais, docentes e políticas de permanência discente.

Não podemos aceitar um discurso do orçamento público limitativo para atendimento das necessidades populares. A questão é política, a discussão deve ser objetiva, os recursos públicos devem atender as necessidades populares.

Em 2022, R$ 9.57 bilhões, correspondendo a 24,6% do orçamento público paulista executado, foi destinado à amortização da dívida pública. O valor gasto com essa dívida, no mínimo questionável, é 1,26 vezes o orçamento total de R$ 7,57 bilhões da USP.

Armadilha do reitor

O problema atual que o movimento tem de superar é uma armadilha montada pelo reitor. Nessa quarta-feira, dia 4, houve uma reunião com a reitoria, pela manhã. Contando inclusive com manifestação na frente da reitoria enquanto durava a reunião.

Na negociação o reitor propôs professores temporariamente em trocar do fim da paralisação, com divulgação do acordo em matéria na Folha. Se sua melhor proposta de atingir um quadro com 6 mil docentes não atender as necessidades institucionais, o que podemos aguarda de uma contração temporária, além do fim da única arma em defesa da instituição pública, a greve.

Um movimento real

A greve, iniciada nas humanidades, se desenvolveu em toda a USP, com vários campos do interior aderindo, ultrapassando os limites institucionais, contou com a paralisação da Unicamp, demonstrando ser um movimento real e amplo.

Não apenas há uma adesão real, como é nítida a radicalização dos estudantes. A cada dia cresce o número de manifestantes, aumentando os possíveis frutos do movimento. Não há motivo para parar agora, ao contrário, o natural é crescer e é por isso que devemos lutar.

Solidariedade contra as privatizações

Na terça-feira, dia 3, houve um ato com os trabalhadores na Sabesp com participação estudantil. Contando com trabalhadores de diversas categorias, entre estes do metrô, da CPTM e da Sabesp, que entraram em greve.

A greve da USP, assim como os movimentos nas demais categorias citadas, são claramente contra os processos de privatização. Havendo uma solidariedade e tendência à união da classe trabalhadora a tanto salteados pelos tucanos no estado de São Paulo.

Ato em frente ao MASP na quinta

Nesta quinta-feira, dia 5, às 17h, haverá um ato em frente ao MASP. O ato faz parte de uma campanha pelo fortalecimento do movimento grevista e cobrança da reitoria.

Temos que aproveitar cada espaço para fortalecer a mobilização, envolver o maior número de pessoas possíveis. A mobilização por uma política independente da política burguesa é a única via real para atendimento das necessidades populares.

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