Eduardo Elsztain é o maior incorporador de imóveis da Argentina, através da incorporadora Inversiones y Representaciones S.A (IRSA), da qual também é dono. É igualmente proprietário de outras empresas, nas quais também exerce a mesma função de presidente. Dentre elas a CRESUD, uma das principais do agronegócio argentino, que também opera na Bolívia, Paraguay e Uruguai; o Banco Hipotecário, maior banco de hipotecas da Argentina; e também a BrasilAgro (Companhia Brasileira de Propriedades Agrícolas.
Através dessas empresas, Elsztain ancora sua atividade capitalista em ativos reais e não apenas na especulação financeira, como forma de se blindar da flutuação do mercado financeiro global. Dentre seus ativos , IRSA possui 15 shoppings nas Argentina e participação em três hotéis, o que permite ao capitalista continuar lucrando enquanto o país encontra-se na mais grave crise desde a década de 90 e começo dos anos 2000. No mesmo sentido, através de suas empresas do agronegócio, tem 27 propriedades rurais na Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai, totalizando cerca de 850 mil hectares.
Em suma, um membro da grande burguesia Argentina.
Mas qual a importância dele para a atual conjuntura política?
Bem, uma figura conhecida foi fundamental para catapultar sua atividade capitalista. No ano de 1994, George Soros financiou Elsztain com US$10 milhões para investir no ramo imobiliário argentino. Segundo o burguês, esse investimento gerou um retorno de três dígitos em menos de um ano, o que lhe permitiu adquirir a CREDSUD, que constitui atualmente seu principal ativo. Mas tal aquisição não foi uma mera comprar. Foi facilitada pelo próprio Soros, que acabou se tornando seu parceiro.
O Húngaro também foi porta de entrada para ISRA no mercado internacional de ações. Atualmente as ações da empresa estão listadas na Bolsa de Nova Iorque. No total, ambos foram parceiros por cerca de uma década. Não é por nada que Elsztain ficou conhecido como o “garoto de ouro de Soros”.
Obviamente, Soros, bilionário que é, membro da burguesia imperialista, não faz nada de graça. O investimento no argentino também lhe rendou retorno milionário.
Afinal, ambos estavam capitalizando em cima de um país em grave crise econômica. No final da década de 80, e começo dos anos 90, pouco tempo após o fim da criminosa ditadura militar Argentina, o país encontrava-se em um cenário de hiperinflação. Diante disto, o imperialismo aproveitou para impor o neoliberalismo ao país, o qual foi implementado através dos dois governos capachos de Carlos Menem.
Claro, uma política neoliberal implica a liquidação do patrimônio nacional, estatal de um país. Foi nessas circunstâncias que Elsztain fez sua fortuna, impulsionado por George Soros, que também lucrou com a desgraça e a miséria do povo argentino.
A rapina neoliberal imposta no início dos anos noventa levaria o país a uma depressão entre 1998 e 2002, que ficou caracterizada por desemprego em massa e por jogar mais de 50% da população argentina abaixo da linha da pobreza. Toda essa situação levaria o povo a uma situação pré-revolucionária no início do século XXI, situação esta que levou à ascensão da “Onda Rosa” na Argentina, uma onda nacionalista moderada de esquerda, com Nestor Kirchner chegando à presidência da República.
Durante todo esse tempo Elsztain continuou a acumular capital, mesmo com o desastre econômico. Consequentemente, Soros também saiu ganhando em cima da miséria do povo argentino.
Agora, a Argentina enfrenta nova crise. A maior inflação desde 1991. E Elsztain? Continua a lucrar em cima da crise. Não fica mais pobre, como o restante da população; enriquece.
E comemora o fato de ter surgido candidatos extremamente neoliberais para as eleições presidências que a se avizinha, dentre os quais se destacam Javier Milei e Patricia Bullrich.
“Em 40 anos de democracia nunca tivemos candidatos que fossem mais pró-mercado”, disse Elsztain ao Globo.
Até mesmo o candidato oficial de esquerda é alguém muito direitista, Sergio Massa, atual ministro da economia do governo de Alberto Fernandez.
Ao contrário do que virá a ocorrer com o povo Argentino, caso o próximo governo seja neoliberal puro sangue, o empresário tem expectativas positivas:
“Acho que mais dinheiro virá do que sairá […] A Argentina tem uma quantidade enorme de investimentos a serem desenvolvidos que estão parados por falta de liquidez, falta de crédito e falta de sistema financeiro”.
Sinal de que é bem possível que Elsztain multiplicará novamente seu patrimônio, assim como fez na década de 90. Nesse sentido, anuncia o seu “projeto mais ambicioso de todos”. Através de sua empresa IRSA, promete construir casas nas antigas docas Puerto Madero, as quais abrigarão cerca de 6 mil famílias. Na verdade, o que irá acontecer é que ele receberá dinheiro de especuladores internacionais (George Soros novamente, será?), e não construirá absolutamente nada. Embolsará tudo em outros investimentos mais lucrativos. Contudo, caso realmente leve esse projeto a cabo, certamente não será glamourizado como ele mesmo declara “um complexo residencial que terá ainda espaços comerciais, hospitais e parques”. Provavelmente será algo mais parecido com um gueto.
Resumindo: assim como George Soros, seu “padrinho”, Elsztain é mais um grande burguês criminoso, que enriquece com a política neoliberal, que sempre leva a população à miséria.