Lula fez uma cirurgia na qual implementou uma prótese no quadril, até, tudo normal. Em seu programa Conversa com o presidente, Lula afirmou: “Vocês não vão me ver de andador, de muleta, vocês vão me ver sempre bonito como se eu não tivesse operado”, uma declaração normal, certo? Errado! Nesses tempos em que tudo o que se diz pode ser considerado ofensivo, essa foi a brecha para que os oportunistas usassem o identitarismo para atacar Lula.
Lula foi chamado de “capacitista”. Uma palavra ridícula, sabemos. Mas mais ridículo do que as palavras inventadas pelo identitarismo é o conteúdo político delas. Segundo os que o acusam, Lula deveria querer usar andador, por algum motivo que não se sabe qual. Por algum motivo, dizer que não quer usar esse importante instrumento ortopédico, seria claramente uma demostração de que Lula tem sérios preconceitos contra pessoas com deficiência física (está permito usar tal expressão?).
E foi exatamente isso que expressou o colunista da Folha de S. Paulo/UOL, Josias de Souza, em uma coluna publicada no dia 30/9: “Lula precisa se deixar filmar e fotografar usando um andador”. Se fosse em outros tempos, teríamos certeza estar diante de um artigo humorístico. Mas não, o jornalista fala seriamente. Embora não seja sério de verdade.
Segundo ele, a “declaração foi ofensiva, incoerente e irresponsável. Ofendeu porque o capacitismo, termo que define a discriminação praticada contra pessoas com deficiência, desrespeita os brasileiros cuja mobilidade depende de equipamentos como andadores e cadeiras de rodas”.
Basicamente, o “argumento” do jornalista é: “Lula foi ‘capacitista’ poque foi ‘capacitista'”. Como disse em sua conta no X (antigo Twitter), o escritor Marcelo Rubens Paiva (que é cadeirante), a ideia é tão ridícula quanto dizer que uma pessoa que diz que quer tirar o gesso está ofendendo os engessados.
E continua Josias de Souza: “A falta de coerência decorre do fato de que Lula incluiu no grupo que subiu a rampa ao seu lado no dia da posse uma pessoa com deficiência. Fica a impressão de que a celebração da diversidade era apenas cenográfica”.
Bom, aqui a coisa consegue ficar ainda mais ridícula. Seguindo lógica do colunista, para não ser incoerente, Lula deveria dar um jeito de se acidentar para ficar numa cadeira de rodas e achar ótimo tudo isso. É como se se dissesse que Lula deveria virar homossexual para não ter preconceito contra os LGBTs.
Josias ainda conclui dizendo que a fala de Lula foi irresponsável porque “é preciso que por trás da pose exista uma noção qualquer de compromisso público”. Desde quando falar que quer estar curado logo de uma cirurgia é não ter compromisso público? A verdade é que, quando se trata de identitarismo, vale tudo!
“Lula precisa se exibir diante de fotógrafos e cinegrafistas usando um andador. Longe de enfeiar, o equipamento embeleza seres humanos que lutam para se manter íntegros e integrados”.
A conclusão do texto é a mesma do título. Segundo Josias, Lula precisa aparecer em público usando um andador. Tirando a lero-lero identitário, que sabemos ser apenas um subterfúgio, o que o jornalista da golpista Folha de S. Paulo quer é que Lula apareça debilitado diante do público. E aí, quem sabe, essa impressa abutre não aproveita para fazer uma reportagem sobre as “dificuldades do presidente”.
Antes de querer que Lula apareça em público usando andador, antes de tentar fazer uma imagem de grande identitário, progressista que se preocupa com os oprimidos, Josias de Souza deveria explicar as suas relações com a operação criminosa da Lava Jato. Isso, sim, merece uma exposição bem pública.
Aqui fica claro que o identitarismo é uma arma contra o governo Lula. É uma arma pseudo-esquerdista, servindo aos propósitos de direitistas como Josias de Souza e toda a imprensa golpista.