Em editorial publicado no dia 4 de outubro, o jornal golpista O Estado de S.Paulo escancarou sua oposição a um dos direitos mais elementares: o direito de greve. Na prática, esse é um dos pouquíssimos direitos que a classe operária tem, conquistado por meio de muita luta.
Se o trabalhador não tem direito de greve, não tem direito a nada, na verdade. Afinal, sem o direito de protestar contra os abusos que sofre, os trabalhadores viram completos reféns de seus patrões. É por isso que o direito à greve vem sendo combatido há décadas não apenas pelo Estadão, mas pelo conjunto da burguesia, incluindo aqui o Poder Judiciário.
O argumento cínico do jornal da Família Mesquita é o de que a greve dos trabalhadores do Metrô e da CPTM de São Paulo, que ocorreu no dia de ontem (3), teria sido “truculenta”. Isto é, teria afetado, pela força, a vida de milhões de pessoas que dependem do transporte público, bem como a vida dos fura greve, que não teriam aderido ao movimento paredista.
Ora, uma greve que não cause prejuízo não é uma greve. É uma manifestação qualquer. Mas o que o Estadão, esse grande defensor do “pacifismo” deveria responder é: acaso os patrões irão se comover com uma manifestação dos trabalhadores que não afete os seus lucros? Acaso Tarcísio de Freitas irá se comover se os trabalhadores atuarem de forma ordenada?
Não há como disfarçar. O ataque aos métodos da greve é, na verdade, uma defesa das barbaridades que a direita e o governo Tarcísio, que é uma continuação dos governos do PSDB, aprontam com a população de São Paulo.
Entre os argumentos apresentados pela Família Mesquita, há ainda o de que a greve seria “antidemocrática” porque ela se volta contra o programa político de Tarcísio, que teria sido “eleito” por uma maioria. Se fosse assim, toda oposição seria “antidemocrática”. O que o Estadão defende, portanto, é que em São Paulo haja uma monarquia chancelada pelas urans.
Por fim, merece destaque também o fato de que o editorial critica a greve por afetar o “direito de ir e vir”. Trata-se do mesmo argumento canalha de que a greve não poderia causar “o caos”. No entanto, o que chama a atenção especialmente aqui é que esse discurso foi empregado no início do ano contra as manifestações bolsonaristas. Hoje, fica claro a que serviram na época: criar condições para atacar os trabalhadores quando estes entrassem em movimento.