O partido Direção Social-Democrata eslovaco (SMER-SSD) venceu as eleições parlamentares de sábado (30-09-23) com a apuração dos resultados da maioria dos distritos a dar-lhe uma vantagem de 6 pontos percentuais sobre o seu rival pró-imperialista, do Eslováquia Progressista.
O partido SMER-SSD foi criado pelo ex-primeiro-ministro Robert Fico em 1999, e prometeu acabar com a ajuda militar à Ucrânia e criticou publicamente as sanções da União Europeia à Rússia como ineficazes e prejudiciais. “Somos um país pacífico”, declarou em um comício na semana passada, acrescentando que, se seu partido vencer, “não enviará uma única rodada [de munição] para a Ucrânia” (RT)
O partido Eslováquia Progressista, defensor das políticas da UE, é o segundo colocado, com pouco mais de 17% dos votos, com 95% das urnas apuradas. Seu líder Michal Simecka, de 39 anos, vice-presidente do Parlamento Europeu, fez campanha com promessas de continuar o apoio da Eslováquia à Ucrânia.
O partido pró-europeu HLAS (Voice – Social Democracy) ficou em terceiro lugar, pouco menos de 15%. O líder Peter Pellegrini não descartou uma possível coalizão com Robert Fico.
Sem nenhum partido definido para conquistar a maioria dos assentos, quem vencer precisará formar um governo de coalizão.
Outros partidos que ultrapassaram o limiar incluem o conservador Movimento Democrata Cristão (KDH), o liberal Liberdade e Solidariedade (SaS), bem como uma coalizão conservadora do Povo Comum e Personalidades Independentes (OL’aNO) com a União Cristã e o partido “Para o Povo”.
O Partido Nacional Eslovaco também ultrapassou o limite de 5%. O líder Andrej Danko expressou disposição de se juntar a uma coalizão com Fico para “competir com o liberalismo”.
O imperialismo sofreu uma dura derrota na estrutura da OTAN, estabelecida para atacar países que se opõem à política imperialista. `
A imprensa já divulga que autoridades em Bruxelas temem que Robert Fico se junte à Hungria em desafiar a UE sobre o apoio à Ucrânia e vetar futuras ajudas militares; ou negar votar contra pacotes adicionais de sanções anti-Rússia.
Anteriormente, a Eslováquia chegou a fornecer à Kiev, veículos blindados de transporte de pessoal, obuses e toda a sua frota de caças MiG-29 da era soviética.
De acordo com a RT, Fico deixou claro que não seguiria inquestionavelmente a liderança dos EUA, caso fosse eleito. O Serviço de Inteligência Externa da Rússia afirmou na semana passada que, para evitar que isso acontecesse, Washington estava disposto a fazer todos os esforços, incluindo chantagem e suborno, para garantir uma vitória para o atual governo eslovaco.
O SMER é um partido que se intitula socialista, e atua de modo nacionalista. Robert Fico é socialmente conservador e considera que o liberalismo é um problema para seu país, se contrapondo ao atual governo, liberal em relação a políticas ambientais, direitos LGBT e integração europeia mais profunda. Ou seja, trata-se de um governo ao modo que o imperialismo mais gosta.
À Sputnik, o analista político russo Peter Kolchin, afirmou que a popularidade de Smer na Eslováquia decorre das crescentes tendências eurocéticas na Europa, juntamente com fracassos das políticas econômicas da UE e europeus ficando insatisfeitos com o apoio da União Europeia à Ucrânia.
“Graves fracassos políticos afetaram seriamente as classificações dos partidos liberais e pró-UE”, disse Kolchin, mas que o SMER é um partido que “representa certas demandas sociais da população”, que em relação à questão ucraniana considera que o regime de Kiev seja uma ameaça à segurança da Europa, e a Eslováquia está compreensivelmente preocupada com essas tendências.
A promessa de Fico, se confirmada, desfalcará a OTAN do sistema de defesa aérea S-300 da era soviética, 13 caças MiG-29, helicópteros de transporte, sistemas de artilharia autopropulsados, sistemas de mísseis terra-ar, radares, veículos de combate de infantaria, tanques, mísseis, munição e MANPADs para o regime de Kiev.
Fico já está sendo apelidado de Orbán da Eslováquia, e antes do pleito deu declarações à imprensa (26-09) lamentando o fato de as Forças Armadas eslovacas estarem num estado deplorável, depois de Bratislava ter esgotado quase completamente os seus arsenais de armamento enviando quase tudo à Ucrânia. “Não temos aviões de combate, nenhum sistema de defesa aérea e nem munição suficiente”, enfatizou o líder do SMER, acrescentando que interromperá o fornecimento militar a Kiev.
Fico não esconde seu ceticismo em relação à vitória ucraniana contra a Rússia. Segundo ele, enviar mais armas para Kiev significa prolongar o derramamento de sangue. Além disso, o mundo começou a se cansar do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, porque até mesmo os apoiadores de Kiev agora veem que o conflito é inaceitável, observou Robert Fico em uma mensagem de vídeo de 29 de setembro publicada nas redes sociais, de acordo com a Sputnik.
Fico criticou Zelensky por levar o veterano da Waffen SS da 2ª Guerra Mundial, Yaroslav Hunka, para ser homenageado no parlamento canadense, referindo-se ao fato de que o avô do presidente ucraniano, Semyon Zelensky, lutou heroicamente contra nazistas durante a guerra.
Com essa retórica vislumbra-se um duro golpe contra a OTAN, União Europeia e imperialismo, mas tudo pode acontecer, pois a vitória do SMER foi por uma pequena margem, que imporá necessidade de ampla coalizão e muita política para tentar frear o ímpeto das forças imperialistas da Eslováquia em parar de ajudar a Ucrânia.
De qualquer modo, apesar da vitória apertada, expôs o fato de que as forças anti-OTAN existem e não são poucas, e isso aumenta e aprofunda o caráter da crise imperialista.