O tema do identitarismo voltou a ganhar destaque nos últimos dias com a campanha internacional do imperialismo, repercutida pelo Partido da Imprensa Golpista (PIG) e pela esquerda pequeno burguesa em favor da mulher negra no STF, usada claramente para atacar o governo Lula e tentar abrir caminho para a presença de uma mulher lava jatista na mais alta Corte do País e com as declarações estabanadas da assessora da ministra Anielle Franco, Marcelle Decothé, que acabou sendo demitida.
Em ambos os casos, a direita usa a suposta defesa da mulher e as colocações carregadas de identitarismo supostamente em favor do negro (contra os brancos) da assessora e as repercussões em torno do caso para criar uma certa indisposição popular com governo Lula que crie condições mais adiante para derrotar ou até mesmo derrubar o governo do PT.
No caso das declarações da ex-assessora, é evidente que ao atingirem mais de 50 milhões de brasileiros (paulistas, são paulinos etc.) servem diretamente para indispor contra o governo PT e Lula, que não tem qualquer responsabilidade sobre as besteiras ditas.
O identitarismo baseia-se na divisão de uma população a partir de categorias identitárias, deixando de lado que a sociedade é dividida em classes sociais
Em ambos casos destacados, é evidente que os identitários da esquerda se somam à direita para avacalhar com o negro brasileiro: primeiro usando a questão da mulher negra para fazer campanha a favor do próprio judiciário e do carreirismo de negros da burguesia e da classe média para ocupar cargos típicos da direita e dos setores reacionários e, depois com as declarações de Decothé que serviram para revelar o conteúdo reacionário da política identitária de dividir os explorados, colocando negros contra brancos e vice-versa, deixando de lado a luta real contra a dominação e a exploração da burguesia sobre a classe trabalhadora.
Em ambos os casos, essa política é impulsionada por pessoas vinculadas e/ou financiadas por ONG’s que recebem recursos de organizações, fundações imperialistas etc., inimigas da luta da classe operária e opositoras da política de enfrentamento com o imperialismo que o presidente Lula encarna.
Por detrás da campanha “mulher negra no STF” e nos rompantes identitários da esquerda e de membros do governo semeando a divisão, o que se vê são as articulações e os recursos da Fundação Ford, Open Society, Jorge Soares, Fundação Itaú e tantas outras ligadas ao governo dos EUA e aos maiores capitalistas do mundo que procuram dar uma aparência social à sua política reacionária e buscam financiar e, é claro, influenciar setores oriundos da esquerda ou que se disfarçam de esquerdistas, em função dos seus próprios interesses.
Tais ONGs muitas das vezes se disfarçam de movimento de luta, o que nunca foram, quando – na realidade – suas ações estão dirigidas – no fundamental – para atender os interesses de uma minúscula camada de privilegiados, para os quais busca obter verbas, caros e vantagens que não servem em nada para modificar as condições de vida daqueles que muitas vezes dizem representar
Um exemplo do uso dessas posições para atacar o governo Lula, a esquerda e os interesses populares, foi dado neste domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, que em editorial de ontem, procurou relacionar as posições desses setores identitários da esquerda como se fosse as posições do próprio governo e do conjunto da esquerda brasileira, para – obviamente – defender seus pontos de vistas reacionários diante da situação nacional.
A cada dia fica mais caro que ou a esquerda supera o identitarismo, ou o identitarismo vai acabar criando condições para a derrota do próprio governo e do povo brasileiro. Vai minar a capacidade de união e luta dos explorados e fazendo o governo se distanciar das reivindicações efetivas dos trabalhadores, deixando-as de lado por temas completamente secundários.