O presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui costa Pimenta, fez análise de conjuntura em entrevista regular com o jornalista Leonardo Attuch no canal do YouTube TV 247, nessa sexta-feira (29).
O dialogo iniciou versando sobre o reflexo do identitarismo no governo, passando diversos acontecimentos nacionais como as disputas envolvendo o presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, a política errática da Globo e a encenação em torno dos militares.
No cenário internacional, foi falado da demagogia de Biden com o sindicalismo. Um dos pontos principais deste programa foi a atuação política do Supremo Tribunal Federal (STF), a campanha em torno da presidência do ministro Barroso, principal apoiado da operação Lava-jato.
Identitarismo, a “face suave do imperialismo”
O tema de identitarismo foi trazido a torna pelo Attuch em razão da demissão da assessora do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé. O companheiro Rui iniciou caracterizando o caráter divisionista da política identitária com “os setores que lutam por uma política progressista.. não é uma luta contra o poder, é uma luta contra as pessoas”.
Quando se coloca a “torcida branca” se cria “um antagonismo com as pessoas comuns”, “o grosso da torcida são-paulina é o proletariado, toda torcida é assim”. É um critério muito negativo, contrário a uma política transformadora, o foco da luta não é “contra o Estado, …, contra poderes, contra os grandes capitalistas, .., você luta contra o cidadão que tem um bar na esquina, não faz sentido nenhum”.
O companheiro Rui segue descartando a possibilidade de qualquer componente racial na exoneração de Decothé, colocar a colocação demasiada ofensiva com uma população tão significativa é sectária e descabida. Rui ainda aponta a declaração de Decothé anti-marxistas e de apoio moderado ao golpe de 2016, que colocariam questionamento sua classificação no campo de esquerda.
O tópico continua com Rui concordando com o chat de Elisabeth de C.S. Novy “o pior q o identitarismo é instrumento pra própria direita e ela vai cair matando qdo não precisar dele”. Rui considera o identitarismo a “face suave do imperialismo… que não está tão suave assim”.
Para Rui, o identitarismo serve como um instrumento de perseguição intensa contra “muita gente” e que “essa política não se sustentaria se não tivesse o apoio dos poderosos”. O companheiro enfatiza que sem o apoio da burguesia essa política há muito teria falido, e ainda que “não acha que é uma falência da esquerda, porque não acho que isso dai não é verdadeiramente uma política de esquerda”.
Seria Biden um sindicalista?
Respondendo uma pergunta da audiência, sobre a presença de Biden num piquete, o companheiro Rui coloca a necessidade de considerar a situação do Partido Democrata. Este “tem perdido muito espaço no interior da classe operária industrial norte-americana. Porque a política deles tem sido muito destrutiva para esse setor, e o Trump tem avançado nesse setor.
Havendo de se considera também que “os sindicalistas dos sindicatos dos metalúrgicos… são democratas, os trabalhadores nem todos, … e esses sindicalistas do partido Democrata, ele se negou a endorsa a candidatura do Biden até que o problema do sindicato dele seja resolvido.
A questão que o companheiro levanta é que provavelmente os sindicalistas não vão se satisfazer apenas com demagogia. Provavelmente os sindicalistas “vão exigir uma proposta legislativa, uma lei, que melhore a situação das indústrias não sindicalizadas”.
Um bom moço para fazer coisas ruins
O tópico do STF teve início com uma pergunta da audiência sobre qual o objetivo de pautarem temas como aborto, drogas e marco temporal, e Attuch questionando a visão de Rui sobre a posse de Barroso e as perspectivas sobre seu mandato de dois anos.
O companheiro Rui introduziu o tópico lembrando do papel de Barroso na Lava Jato, que para Dallagnol seria o melhor ministro para relatoria da Lava Jato, “o homem da Lava-Jato”. Rui aponta que a cerimônia não convencional para posse a presidência de Borroso aventa a existência de um projeto, “e toda vez que o STF tem um projeto, a gente poder espera pelo pior”, situações semelhantes ocorreram com o Mensalão, a Lava Jato, Golpe de 2018 e Alexandre de Moraes.
Quanto a pautas progressistas do STF, Rui considera ser “uma cortina de fumaça”, “puro jogo de cena”, são votações que causam impacto político no governo, mas não fazem evoluir objetivamente os temas. Trazem uma aparência progressista para o STF, que, na prática, é reacionário.
O melhor exemplo é a votação do Marco Temporal, já derrubada pelo Senado, após passagens na Câmara seguirá para sanção ou veto de Lula. Onde, uma sanção vai lhe indispor com sua base e um vetor seria infrutífero, passível de derrubada pelo Congresso, e colocaria o governo em pé de guerra com o mesmo.
As ações do STF têm reflexo direto no governo, forçando em uma situação em que o mesmo não tem condições de rompe com a burguesia. A atuação do STF, inclusive pondo em pautar pontos políticos específicos, “mas serve com uma boa aparência, para fazer alguma coisa muito ruim”, o cenário cria dificulta a manutenção do governo, além de lhe desmoralizar publicamente.
A entrevista esta disponível no seguinte link: