No último dia 29, a OTAN anunciou que enviaria mais tropas à região do Alto Carabaque, enclave armênio dentro do território do Azerbaijão. A decisão foi tomada um dia depois de, em acordo mediado pela Rússia, o líder da região em disputa, Samvel Shakhramanyan, ter assinado um decreto determinando o fim da república do Alto Carabaque.
O Alto Carabaque fica dentro do Azerbaijão e tem população majoritariamente armênia, fato que causa tensão entre Armênia e Azerbaijão desde o enfraquecimento da União Soviética. Em 1994 a região foi anexada à Armênia junto com áreas adjacentes dentro do país vizinho, em 2020 tornou-se um enclave quando estas voltaram a pertencer ao Azerbaijão, tendo em ambos os casos o cessar-fogo sido mediado pela Rússia.
A região entrou em conflito novamente em setembro com a invasão azerbaijana no enclave, e mais uma vez o acordo de paz está sendo mediado pelos russos. Pois bem, um dia depois da decisão pelo fim do governo separatista do Alto Carabaque, feita por decreto assinado por um líder do governo do enclave, a OTAN anunciou o envio de mais tropas à região, com o intuito declarado ajudar a chegar numa resolução pacífica do conflito. Ajuntando-se a isto o fato de a Armênia ter passado por uma revolução colorida em 2018 e, consequentemente, ter um governo alinhado ao imperialismo, de as manifestações separatistas frequentemente pedirem por uma intervenção da OTAN, e o interesse evidente dos países da OTAN numa região que liga a Europa à Ásia, percebe-se que há um esforço por parte do imperialismo de desestabilizar os governos da Armênia e Azerbaijão para, com a justificativa de intervenção pela paz, dominar esses países.
O domínio da região do Cáucaso, de maneira semelhante à Ucrânia, é mais uma maneira de cercar a Rússia, uma força relevante contra a OTAN; e o controle da passagem da Europa à Ásia facilita o controle sobre os países do Oriente Médio.