Ante a crise aberta no interior do partido boliviano Movimento Ao Socialismo (MAS), atualmente no governo do país com presidente Luís Arce, o ex-presidente, Evo Morales, foi às redes sociais no último domingo (24), anunciar sua candidatura pelo MAS nas próximas eleições gerais bolivianas, previstas para ocorrer em 2025.
“Muito gratos e fortalecidos pelo incentivo sincero, militante e comprometido de tantas irmãs e irmãos que confirmam seu apoio à nossa candidatura para enfrentar uma campanha contra as mentiras e sabotagens que busca jogar na ilegalidade o MAS-IPSP, o Instrumento Político Popular. Nas últimas horas vimos como o governo e a extrema-direita separatista concordam em se opor a esta candidatura promovida pelo povo (…)” – Escreveu Evo Morales em seu perfil oficial na rede social X.
O atual presidente do país, Luis Arce, foi ministro de Morales por 10 anos. Ambos são do mesmo partido. A intenção e anúncio de candidatura mostra uma ruptura interna. A legenda precisará escolher quem dos dois concorrerá ao Executivo boliviano. O partido realizará seu Congresso Nacional entre os dias 3 e 5 de outubro, onde serão discutidos principalmente as eleições presidenciais de 2025.
Segundo o jornal Brasil de Fato, o Congresso do partido está marcado para acontecer em Cochabamba, onde Evo tem maior força. Os “arcistas” (aliados de Arce) tentaram articular para o encontro ser realizado em El Alto, perto da capital La Paz, e que servisse para renovar a liderança do partido, a começar pelo próprio Evo. Já os “evistas” alertam que a pauta será a expulsão de Arce e o vice-presidente David Choquehuanca, considerados “traidores”.
Uma frase do ex-presidente usada para anunciar sua candidatura é que, para além dos próximos ataques sofrendo de dentro do próprio partido, “o plano que eles têm, se não conseguirem parar o Congresso Ordinário de Lauca Ñ e nos desqualificar, vão usar uma mulher para nos atacar, assim como fez a direita.” Evo Morales se refere a Jeanine Áñez, mulher que tomou posse em seu lugar, logo após o golpe de Estado na Bolívia em 2019.
Ao contrário de Arce, Evo Morales representa um setor mais nacionalista dentro do MAS, até porque o ex-presidente, tem uma ligação mais concreta com o povo boliviano e a classe operária do país. Enquanto Arce é um político burguês, economista e professor universitário. Inclusive nos últimos meses, Evo Morales tem acusado ministros do governo de tentarem entregar a Bolívia para os Estados Unidos.