O bilionário Jorge Paulo Lemann, figura destacada de golpes financeiros escandalosos como o caso das Americanas e da privatização da Eletrobrás, usará sua ONG pessoal, MegaEdu, para influenciar o destino de uma verba de R$6,6 bilhões para a educação. Isso ocorrerá, porque a ONG fez um acordo de colaboração com o Ministério da Educação (MEC) e integra o conselho gestor do Fust, do Ministério das Comunicações.
Trata-se de uma verba destinada à conectividade em escolas públicas, R$ 2,74 bilhões provenientes do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), R$ 3,1 bilhões do Grupo de Acompanhamento do Custeio a Projetos de Conectividade de Escolas (Gape) e R$ 800 milhões de recursos estaduais.
A forma de organização e financiamento de uma ONG por si só caracteriza uma maneira de a burguesia usar o poder econômico em favor de seus próprios interesses. Por trás da fachada de uma organização filantrópica, que atua para auxiliar os animais ou os mais necessitados, para proteger os ecossistemas, ou o que quer que a ONG diga fazer, há um mecanismo de os capitalistas exercerem sua influência nos mais diversos setores da sociedade. Com o apoio da mídia burguesa, que também funciona por meios parecidos aos das ONGs – através do financiamento e ingerência total da classe dominante -, esse tipo de organização também consegue emplacar a ideia falsa de que existem bilionários bonzinhos, preocupados com as pessoas e com o futuro do mundo.
A MegaEdu de Lemann não é diferente: é financiada pelo bilionário e sua cúpula trabalhou na Fundação Lemann. Questionada pelo Estadão na matéria intitulada “Lula abre espaço para grupo de Lemann influenciar decisões de R$ 6,6 bilhões na educação”, a ONG afirmou que a organização não tinha fins lucrativos e seu objetivo era apenas social. É claro, esse é um discurso genérico, que qualquer ONG faz e faria para esconder sua real intenção de influenciar a sociedade em favor de seus donos.
É escandaloso que, diante dos boicotes à educação pública dos governos golpistas de Michel Temer e Jair Bolsonaro, um bilionário esteja parasitando as estranguladas verbas do setor. Também é bastante simbólico que esse seja o mesmo bilionário que faliu as Americanas, ao dar um golpe em acionistas e credores para lucrar criminosamente e que lucrou com roubo da Eletrobrás. O mesmo roubo que causou o recente apagão generalizado no Brasil, devido às demissões em massa pela nova gestão da empresa de energia.
A ingerência de Lemann sobre essas verbas foi articulada por Katia Schweickardt, funcionária do bilionário pelo Centro Lemann, indicada pelo Ministro da Educação Camilo Santana, carreirista do PT do Ceará. Lemann também contou com a ajuda do Ministro das Comunicações Juscelino Filho, golpista do União Brasil do Maranhão, para chegar ao conselho gestor do Fust.
Apesar de chamar a atenção, por ser em um setor público muito boicotado nos últimos anos, essa ingerência do bilionário é um fenômeno já esperado do capitalismo periférico, pois, nele, a burguesia atua de forma suja sem nenhum pudor para obter lucros exorbitantes. Lemann nem sequer se preocupou em esconder seu vínculo com as ONGs e pessoas envolvidas no escândalo, que só foi denunciado por parte da imprensa burguesa para atacar demagogicamente o governo Lula.
Sobre essa imprensa, a sua intenção nesse caso é clara, porque é a mesma mídia que defendeu a pilhagem da Eletrobrás por Lemann e fez propaganda da Americanas durante seu crescimento artificial, o qual serviu para o bilionário lucrar. Também é a mesma imprensa que criou a imagem de que Lemann era um visionário, gênio do mercado e popstar da burguesia. A única diferença é que agora o estelionatário de colarinho branco está atuando sob a asa de ministros do Governo Lula, indicados devido à política petista de coalizão com setores da burguesia.