O vereador do município de Dourados, Rogerio Yuri do PSDB, partido de latifundiários do governador do Mato Grosso do Sul, articulou e criou uma frente parlamentar para acompanhar os conflitos de terra com os índios na cidade.
Sob o nome “agradável” de Frente Parlamentar, a organização não deve enganar ninguém e muito menos os índios. O que está sendo criado é uma frente dos latifundiários e governo para reprimir os índios e impedir novas retomadas de terra.
Isso porque a proposta vem de uma pessoa ligada aos latifundiários e a direita que não quer as demarcações de terras indígenas e apoia o Marco Temporal. O vereador Rogério Yuri é um policial civil que entrou para o legislativo e agora está encabeçando a formação dessa frente. E a outra é o partido PSDB que historicamente é inimigo dos índios e sempre atuando contra as demarcações e a luta por seus direitos, e que no estado tem como grande inimigo, o governador Eduardo Riedel, ex-presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) e organizador do leilão da resistência.
A frente parlamentar em sua primeira reunião contou com outro representante ilustre do governo do PSDB, Eduardo Riedel é bem conhecido pelos índios Guarani-Caiouá, o secretário de segurança pública Antônio Carlos Videira. Videira é um ex-policial civil conhecido por suas operações contra os índios.
Uma frente para atacar os direitos dos índios
Em entrevista a imprensa ligada aos latifundiários, Rogério Yuri aponta que “esse embate tem gerado violência, discriminação e violação dos direitos humanos, de ambas as partes, pois sofrem com as constantes ameaças e ataques cada vez mais violentos, com constante intervenção das forças policiais, essas recebidas agressivamente pelos indígenas, caminhando para péssimas consequências”.
No argumento “tem gerado violência, discriminação e violação dos direitos humanos, de ambas as partes” já demonstra que está contra os índios. Não há discriminação por parte dos índios e muito menos violência. Até agora nenhum latifundiário, grileiro ou especulador de terras foi ameaçado, ou ferido e a “intervenção” das forças policiais é sempre contra os índios de maneira totalmente arbitrária e em defesa dos latifundiários. Ameaçando constantemente os índios com prisões, violência e perseguição, além de proteção dos pistoleiros e suas ações criminosas como as realizadas contra a retomada Avaeté, incluindo no dia da visita do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira.
A criação da Frente Parlamentar se deu em meio a dificuldade crescente encontrada pelo estado do Mato Grosso do Sul para impedir as retomadas de terras pelos índios e a recusa da população indígena em aceitar as forças da polícia civil e militar entrando nas aldeias. Os índios se recusam a entrada das forças policiais, em particular a polícia militar, devido às ações criminosas da corporação contra os índios e seus direitos, e por participarem ativamente como pistoleiros contratados pelo latifúndio.
Está evidente que essa frente serve apenas para perseguir e tentar intimidar os índios das retomadas, já que o município de Dourados possui uma enorme população indígena e a reserva mais populosa do país, com cerca de 25 mil índios apertados em apenas 3,2 mil hectares de terra demarcada.
Conta também com pelo menos doze retomadas de terra dos índios Guarani-Caiouá e esse número tende a aumentar muito devido as péssimas condições de vida nas pequenas aldeias demarcadas e a grilagem de suas terras pelos latifundiários que controlam o governo do estado há décadas.
Para impedir novas retomadas, o governo do estado juntamente com os latifundiários quer colocar a polícia nas aldeias com a justificativa de “segurança” para os índios, mas que, na verdade, vão reprimir e intimidar somente os índios para não realizarem mais retomadas e nem lutem por seus direitos e melhorias nas aldeias.
E a Frente Parlamentar é para perseguir os índios nos moldes da recente CPI do MST para tentar prender e intimidar lideranças do MST e no que se tentou na CPI do CIMI anos atrás para perseguir os parceiros e entidades de apoio aos índios.
É preciso denunciar amplamente o caráter dessa frente parlamentar de perseguição aos índios e seus direitos e lutar pela sua extinção, impedindo de todas as maneiras a entrada dos parlamentares, pistoleiros, policiais e latifundiários nas terras indígenas.