No final do mês de julho deu-se um golpe de Estado no Níger, derrubando o presidente pró-imperialista, Mohamed Bazoum.
De nítido caráter nacionalista, o golpe dado pelos militares locais recebeu apoio esmagador da população.
Pouco tempo depois, o imperialismo passou a ameaçar o país com uma intervenção, que deveria ser encabeçada pela Nigéria e realizada pelos demais países da CEDEAO. Em outras palavras, para conter o crescente movimento nacionalista na África, o imperialismo planejava jogar africanos contra africanos.
Meses se passaram e a dita intervenção ainda não se deu.
Agora, após vários protestos da população local rejeitando expressamente seus colonizadores na Europa, a França declara que irá repatriar seu embaixador (declarado ‘persona non grata‘ pelo novo governo Nigerense). Igualmente, anunciou que irá retirar suas tropas do país. São cerca de 1.500 militares. A justificativa oficial para a presença dessas tropas é que elas estavam lá para combater o terrorismo. Mas o fato é que sua presença servia para o imperialismo francês manter um controle colonial sobre o Níger.
Segundo o próprio presidente, Emmanuel Macron, “Nas próximas horas, o nosso embaixador [Sylvain Itté] vai voltar para a França (…) e os nossos soldados, na semana e nos meses que vêm”, com uma previsão de finalização “até o fim do ano […] “Não existe mais ‘Françáfrica’. Quando tem um golpe de Estado, a gente não intervém”.
“Nós não estamos lá para sermos reféns dos golpistas. Nós continuaremos ajudando o continente africano na luta contra o terrorismo, mas somente a governos democraticamente eleitos”, prosseguiu Macron. “Os golpistas são amigos da desordem. No Mali, há dezenas de mortos todos os dias”.
Embora ainda não se possa prever o que ocorrerá a seguir, é certo que a presença militar da França no país tornou-se insustentável. A invasão imperialista, utilizando países africanos como bucha de canhão, também para estar sendo de difícil realização, do ponto de vista político principalmente. Assim, pelas declarações dadas pelo presidente francês, uma possibilidade se abre: é possível que o imperialismo fomente e arme grupos ditos terroristas como sucedâneo da invasão que nunca ocorrera, afim de desestabilizar politicamente o novo governo, e fazer a população se voltar contra o mesmo.