Por meio de seu perfil no Twitter, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) vibrou com a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) que refutou a tese do Marco Temporal:
A tese do Marco Temporal é, de fato, um problema para os índios. Segundo ela, os índios só teriam direito às terras que eram consideradas suas até o ano da promulgação da Constituição, em 1988. Assim, milhares de índios teriam um menor respaldo legal para reivindicar as suas terras. Por mais que a regulação das terras seja um assunto complexo, pois envolve a própria soberania nacional, a rejeição da tese é positiva.
O que não é nada positivo, contudo, é que a rejeição do Marco Temporal venha pelas mãos do STF. Boulos considera a votação uma “vitória”. É ridículo. Em primeiro lugar, porque o psolista tenta fazer cortesia com o chapéu alheio: se de fato for uma “vitória”, ela se deu somente porque os onze ministros do STF seriam “bons” o suficiente para votar a favor dos índios. Boulos comemora, portanto, não o resultado de uma luta, mas sim a atividade da mais alta Corte do País.
Como se não bastasse a humilhação em se mostrar como um “torcedor” da Corte responsável pelo golpe de 2016 e pela prisão de Lula, Boulos também está vibrando com o fato de que o STF passou a atuar como Poder Legislativo. O STF, neste momento, é uma aberração institucional. Ele consciente e explicitamente decidiu substituiu o Congresso Nacional. Os ministros do TSF, inclusive, querem estabelecer a doutroina de que,se o Congresso não vota, eles votam.
Em sua tentativa desesperada de fazer demagogia com a luta dos índios, Boulos resolveu ignorar por completo esse gravíssimo problema político. Mas fato é que se trata de um problema de grande envergadura. Não é à toa que o STF vem tentando legislar, principalmente, em assuntos considerados “progressistas”, que sejam de interesse da esquerda. Isso, contudo, não passa de uma armadilha: enquanto figuras como Boulos vão vibrando com uma votação supostamente favorável a seus interesses, o STF vai formando uma base de apoio para governar o País.