Na manhã de terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o discurso de abertura da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque. Em sua fala, o mandatário brasileiro fez críticas àqueles que “governam o mundo”, ou seja, ao imperialismo, tendo com tema central de sua intervenção o problema da fome.
“Os dez maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da humanidade. O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe.
A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida. Se irá fazer todas as refeições ou se terá negado o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar diariamente.
Se terá acesso à saúde, ou se irá sucumbir a doenças que já poderiam ter sido erradicadas. Se completará os estudos e conseguirá um emprego de qualidade, ou se fará parte da legião de desempregados, subempregados e desalentados que não para de crescer.
É preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, disse o presidente brasileiro.
Em seu discurso, Lula também voltou a denunciar que são os países mais ricos os responsáveis pela chamada mudança climática, relembrando que “São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima”. “Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera”, afirmou.
Ademais, criticando a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Lula destacou a importância dos BRICS:
“As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas. O Brics surgiu na esteira desse imobilismo, e constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países emergentes.”
É interessante notar que o chefe do Executivo do Brasil também voltou as suas críticas ao neoliberalismo, afirmando que este “agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias”. “Seu legado é uma massa de deserdados e excluídos. Em meio aos seus escombros surgem aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas”, disse.
Continuando sua denúncia contra o criminoso bloqueio que o imperialismo impõe sobre Cuba, Lula disse:
“As sanções unilaterais causam grandes prejuízos à população dos países afetados. Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos.
O Brasil seguirá denunciando medidas tomadas sem amparo na Carta da ONU, como o embargo econômico e financeiro imposto a Cuba e a tentativa de classificar esse país como Estado patrocinador de terrorismo.
Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria. O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade.”
Finalizando o seu discurso, ele ressaltou como os países ricos são indiferentes frente à pobreza, afirmando que só será possível criar um mundo mais justo se os membros da ONU “tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”.