A revista Time lança anualmente uma edição que elenca 100 personalidades “em ascensão” no mundo, a Times100 Next. Também há a edição Times100 que elenca as 100 personalidades “mais influentes” do mundo. É evidente que são pessoas escolhidas a dedo pela revista, conforme seus interesses editoriais e de classe, afinal se trata de uma grande empresa privada do ramo de comunicações dos Estados Unidos.
O motivo das seleções é diverso. Por vezes, é por um destaque negativo, como a aparição de Bolsonaro na edição da Time100 de 2020. Também há o destaque de Lula na Time100 deste ano, que ressalta “a importância do presidente para a preservação do meio ambiente”, o que, embora pareça elogioso, na verdade, põe Lula sobre uma corda bamba, o pressionando a manter a política imperialista para as matrizes energéticas mundiais. Outra figura que apareceu na mesma edição que Bolsonaro, inclusive com direito a aparecer na capa, foi Felipe Neto.
A aparição de presidentes é esperada, pois eles são, incontestavelmente, pessoas influentes, mas e Felipe Neto? O que o youtuber faz na capa da revista?
Antes de tratar sobre a resposta a essa pergunta, é interessante saber sobre outras pessoas de importância questionável que também receberam destaque na revista Time: Txai Suruí, Erika Hilton e Duda Salabert estão na Time100 Next 2023. Uma líder indígena que defende a “preservação da Amazônia” (seja lá o que isso queira dizer) e dois deputados transexuais.
Felipe Neto até tem muitos seguidores nas redes sociais; Hilton e Salabert são, de fato, deputados federais; Suruí aparece, vez ou outra, em eventos internacionais sobre a mudança climática, apesar disso nenhum deles realmente tem grande influência na sociedade brasileira. Exceto Felipe Neto, as outras personalidades são quase desconhecidas para a maioria dos brasileiros. O youtuber, todavia, era conhecido só como um influenciador antes de aparecer na capa da Times100 2020.
É notório que todas essas celebridades têm algo em comum: o identitarismo. Há o identitarismo transexual de Hilton e Salaber, indígena de Suruí e do homem branco desconstruído de Neto. Notavelmente, a política identitária não trata de problemas reais, mas desvia o foco deles para problemas morais, individualizantes e de mentalidade.
Quando uma revista como a Time apresenta essas pessoas, como se elas fossem relevantes, ela cria uma importância artificial. Youtubers, “ongueiros” e deputados do baixo clero se tornam artificialmente impulsionados pela propaganda imperialista, em um processo que visa atender os interesses do imperialismo e de mais ninguém.
Esses “ativistas” artificiais, tendem a defender causas menores ou sem importância para ganhar a confiança da parte esquerdista da pequena-burguesia e daqueles que se identificam com as minorias, de forma que, quando uma campanha imperialista surgir, eles vão defender.
A campanha por uma mulher negra no STF é um exemplo claro disso. Usam esses influenciadores e uma série de vídeos produzidos e impulsionados por ONGs ao custo de milhões de reais para dar um ar de legitimidade identitária à pressão contra o governo Lula pela indicação de uma ministra de confiança das forças imperialistas no Brasil. Elas são as mesmas forças que prenderam Lula com o intuito de fraudar as eleições de 2018, impedindo ilegalmente o candidato mais popular de participar das eleições. São as mesmas forças que deram o golpe de 2016.
Dessa maneira, é de se esperar a participação desses identitários brasileiros “popstars” um apoio a eventual golpe de Estado contra o atual governo.