Durante o grotesco 5º Congresso Nacional da Central Sindical e Popular (CSP)-Conlutas, ocorreu, segundo o sítio da própria organização, um painel sobre a guerra na Ucrânia e sobre os “comboios de solidariedade à resistência operária ucraniana, que vem enfrentando bravamente a ocupação russa em seus territórios”. É assim que o PSTU e a sua central sindical de brinquedo chamam o grupinho de professores universitários que enviaram para lutar ao lado do Batalhão Azov na Ucrânia.
Ao mesmo tempo em que o PSTU diz que seus militantes lutam contra a ocupação russa, o partido também advoga que “os trabalhadores e trabalhadoras ucranianos também enfrentam os ataques desferidos pelo governo Zelenski, como reformas trabalhistas que cortam direitos já conquistados”. Ou seja, o comboio de meia dúzia de professores universitários organizado pelo PSTU teria atravessado milhares de quilômetros para derrotar o governo de Vladimir Putin e o governo de Vladimir Zelensky ao mesmo tempo! Seria, portanto, o combo da salvação, que, sem ter participado de nenhum movimento importante em seu próprio país, estaria encarregado de fazer dos trabalhadores ucranianos os donos de seu próprio destino.
É óbvio que as aventuras do comboio do PSTU não são algo sério. Rússia e Ucrânia estão em uma guerra. E uma guerra, na verdade, de proporções completamente desiguais. De um lado, está a Federação Russa, um país que tenta sobreviver com a venda de commodities como o petróleo. De outro, está a Ucrânia servindo de fachada para a ação da França, Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Alemanha e todas as grandes potências mundiais. De um lado, um país que não tem domina a economia de um único país. De outro, o bloco imperialista, responsável por guerras, golpes de Estado e a falência de paises inteiros.
O conflito na Ucrânia é uma guerra entre um lutador de MMA e uma criança que sequer aprendeu a falar. Visto desse ponto de vista, é bem claro perceber o que significa a posição de “neutralidade”. Isto é, a defesa covarde do mais forte contra o mais fraco. O povo ucraniano apenas aparece nos textos do PSTU e da CSP-Conlutas como mero pretexto. É o mesmo que fazem os Estados Unidos, que falam no bem do povo ucraniano, mas têm como único interesse usar a vida de cada ucraniano para desgastar o seu inimigo, a Rússia.
Quando o PSTU afirma que irá se dedicar a ajudar o povo ucraniano a “resistir” a ocupação russa, está, na prática, defendendo o regime ucraniano. E, por consequência, a OTAN. Entre a criança que tenta se defender do lutador de MMA e o próprio lutador, o PSTU se coloca ao lado do último, amarrando os pés da criança para que a luta fique ainda mais igual. Ou melhor, amarraria, caso o PSTU tivesse condições reais de influir no conflito.