A decomposição da democracia burguesa, mesmo nos países imperialistas, caminha a passos largos. Um dos índices mais importantes que expõem tal decomposição é o crescimento da extrema-direita em detrimento da direita tradicional na Alemanha. O partido Alternativa para Alemanha (AfD), de extrema-direita, é um dos que mais cresce no país, com uma plataforma anti-União Europeia, anti-imigração, além de outras pautas, abalando a situação política do país.
Nessa semana, o primeiro-ministro Olaf Scholz, da Social Democracia Alamã (SPD) classificou o partido como um “esquadrão de demolição” devido às propostas da extrema-direita de rompimento com a União Europeia. É evidente que uma parte da burguesia imperialista teme um acirramento das disputas entre os estados imperialistas que o esfacelamento da União Europeia poderia provocar, sobretudo, considerando ser a Alemanha um dos principais, se não o principal, pilar do bloco imperialista.
A AfD vive seu ápice de popularidade, criada e 2013, chegou a 23% das intenções de votos, logo abaixo da principal coalização política que dirige o país há anos, CDU/CSU dirigida por Angela Merkel. A AfD superou mesmo o centenário partido do primeiro-ministro, a Social Democracia (SPD), que ficou com 18% das intenções de votos, segundo pesquisa do jornal Bild.
O alerta vermelho acendeu ao regime imperialista alemão, que visa anular o crescimento da extrema-direita por meio da perseguição judicial, como, aliás, é tendencia em diversas partes do mundo. A burguesia não tem força para combater o crescimento da extrema-direita porque se enfraquece a cada passo diante das massas da população, cansada de sofrer e desesperada em decorrência da política neoliberal implementada duramente pela direita tradicional. Recorrem aos meios extremos, o que apenas acelera do regime político em verdadeira ditadura, adotando legislação de exceção a pretexto de combater a extrema-direita e defender a democracia.
Em editorial, a influente revista Der Spiegel defendeu o banimento dos ditos inimigos da Constituição, assim como Tribunal Administrativo de Colônia, no ano passado, concluiu haver objetivos inconstitucionais na AfD, autorizando o Gabinete Federal para a Proteção da Constituição a reconhecer o partido como uma suspeita de ameaça a democracia. O Instituto Alemão para os Direitos Humanos afirmou já haver condições para o banimento da extrema-direita e o Tribunal Constitucional Federal poderia bem realizá-lo.
No entanto, a extrema-direita cresce enquanto naufraga a economia alemã, considera-se que a Alemanha seja a única, das grandes economias do mundo, a encolher em 2023. Já é esperado que nas próximas eleições a extrema-direita ganhe as eleições para administrações locais.
A crise capitalista torna, cada vez mais inviável, a democracia burguesa e o chamado estado de bem-estar social, mesmo no coração do imperialismo. O crescimento da extrema-direita é uma reação desesperada de setores do capital, menores, que se veem ameaçados pelo grande capital imperialista, arrastam consigo setores médios e até mesmo operários, numa reação não conseguente a política do grande capital.
A reação do grande capital, que perde espaço para essa extrema-direita, é tornar o regime político cada vez mais antidemocrático, controlado. O fato é não haver contradição absoluta entre os dois setores do capital e diante de uma questão grave, a grande burguesia poderá rapidamente apoiar a extrema-direita ou se utilizar dela. O pseudo combate da burguesia à extrema-direita via perseguição judicial somente acelera o processo de degeneração do regime e de fascistização do mesmo. É preciso oferecer uma alternativa de esquerda, consequente para as massas, somente assim, mobilizando o povo é que se poderá combater efetivamente a extrema-direita e a direita tradicional que estarão sempre juntos, quando se tratar de oprimir o povo.