Aproveitando-se da catástrofe no Rio Grande do Sul impulsionada pelo arrocho fiscal do governo Eduardo Leite (PSDB) e da falta de investimentos no enfrentamento às intempéries climáticas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi ao X (antigo Twitter) defender que as perdas materiais e humanas provocadas no estado sulista devem-se à “insegurança climática”, que teria como origem “o modelo de desenvolvimento baseado em combustíveis fósseis e uso predatório da terra”. As colocações da ministra podem ser vistas no link abaixo:
Sem surpresa, a publicação da ministra em nenhum momento cita grandes operações de roubo do erário, tais como o Teto de Gastos implementado pelo ex-presidente golpista Michel Temer (MDB) e nem o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), adotado pelo ex-governador gaúcho José Ivo Sartori (MDB) e fielmente seguido pelo atual governador, Eduardo Leite, sendo responsável por asfixiar financeiramente o Rio Grande do Sul desde 2017. Os banqueiros, os principais beneficiários pela política de rapina dos cofres públicos, tampouco são lembrados por Marina, mesmo sendo os maiores responsáveis por todas as desgraças que se abatem sobre o País.
Para a ministra, “além de mitigar os fatores causadores da mudança do clima”, continua, “é preciso executar igualmente uma robusta agenda voltada para a transformação”, defende, preparando o que vem a seguir: “somente com a mudança dos modelos econômicos, das saídas tecnológicas costumeiramente usadas e dos regramentos legais comprovadamente insuficientes para lidar com a emergência climática como um fenômeno permanente e não sazonal, nas áreas tecnicamente diagnosticadas como suscetíveis a eventos extremos, é que iremos enfrentar com mais chances de sucesso a nova realidade climática que causa essas recorrentes e dolorosas perdas e sofrimentos”, concluiu a ministra, trazendo colocações vagas o bastante para significarem muita coisa, o que as torna merecedoras de uma análise mais profunda.
Em um dos trechos onde Marina Silva defende sua política de maneira mais concreta, o ataque aos “combustíveis fósseis” aflora. Torna-se evidente que a inescrupulosa ministra aproveitou-se da tragédia e da comoção por ela causada, para retomar a sua luta contra a exploração de petróleo no outro extremo do País. Os mortos do Rio Grande do Sul importam, para Marina Silva, tanto quanto os quase 10 mil pobres que morreram em decorrência da fome no Brasil entre os anos de 2019 e 2020 (“Mortes por desnutrição aumentam em mais de mil municípios brasileiros”, 27/1/2023). Ou seja, nada.
A menos que algo muito fora do normal tenha ocorrido, os 42 mortos (oficialmente e até o último dia 9, pelo menos) certamente não eram ricos e sequer de classe média. É a população pobre que, em geral, vive em condições extremamente precárias, com infraestrutura insuficiente para lidar com as intempéries e em bairros, e regiões, com maiores chances de não receberem os investimentos necessários para impedir alagamentos e outros fenômenos recorrentes no País.
Para esse contingente majoritário da população, não é a “insegurança climática” o que lhes aflige, mas a pobreza e a falta de investimentos. O desenvolvimento econômico oriundo da exploração das riquezas naturais e em especial o petróleo (talvez a mais importante do mundo), é muito mais importante para a superação destas tragédias, por estar diretamente ligado ao problema.
Outro ponto malandramente esquecido por Marina Silva, mas que faz toda a diferença na vida das massas exploradas, é o fim da pirataria promovida pelos banqueiros, para o País dispor dos recursos necessários à construção da infraestrutura necessária para lidar com chuvas, ciclones e demais ameaças provocadas pela falta de controle sobre as forças da natureza, o que é antes um sintoma do atraso. Esse atraso é justamente o que defende a ministra, ainda que seu malabarismo retórico procure disfarçar a natureza de sua posição.
Usando a tragédia e as mortes ocorridas no Rio Grande do Sul, diretamente ligadas não ao clima, mas aos banqueiros a quem serve, Marina Silva demonstra claramente desconhecer o sentido de limites para defender sua política retrógrada, contrária aos interesses das massas pobres do País e ferozmente anti-nacional. Como se atreve?