A tensão anunciada no 7 de Setembro esteve mais na véspera do que no ato propriamente. Especulava-se a possibilidade de os bolsonaristas realizarem algum ato contra o governo, cogitou-se se as Forças Armadas poderiam se revoltar. Nada nem perto disso.
Os bolsonaristas, acuados pela investida institucional, ficaram em casa, literalmente. Foi divulgado o chamado de um dos filhos de Bolsonaro para que houvesse boicote dos desfiles. Nem isso aconteceu.
O clima morno, no entanto, não deve ser interpretado como se não houvesse movimentações golpistas. Acreditar nisso seria ingenuidade. A mesma ingenuidade da primeira Dama ao vestir vermelho no desfile oficial em Brasília. Obviamente, nos quartéis, o efeito disso deve ter sido o pior possível.
Nem sabemos se Janja fez de propósito. De qualquer modo, ela tem o direito de usar a cor que quiser. Mas a única coisa que não deve ser interpretada é que o governo está por cima da carne seca, podendo provocar livremente as Forças Armadas, seria um erro analisar as coisas assim.
Lula apareceu na foto com os três comandantes das Forças Armadas. Quem olha a foto vê mais uma demostração de trégua momentânea do que a de uma conciliação.
Simplesmente, os generais golpistas entendem que não é o momento de tentar nenhum golpe. A burguesia, apesar de não estar ganhando tanto quanto gostaria com o governo Lula, sabe que uma investida golpista poderia virar o país de cabeça para baixo.
Por isso tudo passou em relativa paz no 7 de Setembro.
Da parte da esquerda, alguns pequenos atos do Grito dos Excluídos, que se tornou há muito uma mera demostração de descontentamento. Não há combatividade, não há palavra de ordem séria, não há convocação.
Pelo contrário, a tendência da esquerda pequeno-burguesa no ato é fugir totalmente das reivindicações populares. Os excluídos, que sofrem com a repressão policial, chamam mais repressão sob o pretexto de “Bolsonaro na cadeia”. Uma coisa totalmente absurda.
Em plano 7 de Setembro, data da independência nacional, pouco se fala sobre a soberania do país, a exploração do petróleo, a reestatização da Eletrobrás. No fim das contas, os atos da esquerda não servem para muita coisa.
E assim se passaram os 201 anos da Independência do Brasil.