Na última quarta-feira (6), o ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu cancelar o processo de delação da empreiteira Odebrecht. O acordo de leniência, feito de maneira completamente ilegal, serviu de base para a perseguição política do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em sua decisão, Toffoli não apenas anulou uma das mais importantes maracutaias da Operação Lava Jato, como também classificou os processos contra Lula como “um dos maiores erros da história do país”. Toffoli também afirmou que a perseguição a Lula teria sido uma “armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem [contra a lei]”.
A decisão é, no mínimo, curiosa. Afinal, Toffoli precisou de quase uma década para se dar conta de que o que a Lava Jato fazia era ilegal? É óbvio que não. O mesmo ministro, que outrora elogiou a operação, foi responsável, entre outras medidas, por impedir que Lula fosse ao enterro de seu neto. E mais: para que os militares garantissem que Toffoli, enquanto presidente do STF, manteve Lula na cadeia por meses, lhe impuseram um “assessor especial” general. Isto é, um espião da alta cúpula das Forças Armadas para garantir que Toffoli não libertasse o então ex-presidente.
A decisão de Toffoli neste momento, bem como a propaganda positiva que a esquerda vem fazendo do ministro, não servem a outro propósito que não uma tentativa de “limpar a barra” do próprio Toffoli. É uma espécie de reciclagem de lixo: agora que a Lava Jato e o golpe de 2016 se tornaram escancarados, e que o próprio Lula é presidente da república, Toffoli, assim como outros elementos do STF que fizeram parte do golpe, tentam dizer que nada tiveram com isso.
Ninguém deveria cair na conversa fiada de Toffoli, por mais que sua decisão no âmbito da Odebrecht seja correta e deva ser apoiada.