Após a proibição do governo francês do uso da abaya em ambientes escolares por jovens muçulmanas, anunciada no final de agosto e iniciada no último dia 5 de setembro, cerca de 300 meninas foram barradas de entrar nas escolas.
O governo alega que o uso da vestimenta infringe a lei que estabelece a laicidade no sistema educacional do país, que já proibia o uso do hijab, o véu muçulmano desde 2010 nas ruas e em locais públicos. O governo do presidente Emmanuel Macron entendeu que a abaya é uma forma de ostentação religiosa que não deve ter espaço nas escolas.
Sob o disfarce e a cobertura da laicidade e a defesa da mulher, o país imperialista, França, ataca diretamente o direito de cada um de manter sua própria cultura. Uma pesquisa divulgada em agosto mostra que a campanha feita pela direita e pela extrema-direita conseguiu 71% de apoio da população para essa proibição.
O próprio Macron saiu em defesa da proibição nesta segunda-feira, afirmando que somente uma minoria insiste em desafiar o laicismo que caracteriza a sociedade francesa. “Sabemos que haverá casos (…) talvez de negligência, mas muitos para tentar desafiar o sistema republicano. Temos que ser inflexíveis”, declarou o chefe de Estado durante uma visita a uma escola profissionalizante em Orange, sul da França.
O ministro da educação, Gabriel Attal, indicou que a nova norma incluirá também a proibição ao uso do qamis, versão masculina do traje. Por outro lado, a Ação de Direitos dos Muçulmanos (ADM) pede a suspensão da proibição. A ADM afirma que a norma estigmatiza pessoas de religião muçulmana e “representa uma ameaça a seus direitos fundamentais no plano social”.
Embora o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) considere que a peça não representa um símbolo islâmico, o Ministério da Educação francês divulgou, no ano passado, uma circular autorizando as escolas a proibir a abaya, bem como bandanas e saias muito longas. Esses tipos de ataques são todas ações lideradas pela extrema-direita.
Como se trata de um país imperialista, não se vê um piu da imprensa burguesa denunciando essa medida autoritária, reacionária e ditatorial por parte da França. Caso fosse um país atrasado ou inimigo do imperialismo, estaria sendo tratado como ditadura. A questão também mostra como os europeus agem como colonizadores e tratam os muçulmanos como bárbaros.