No último sábado (02), o jornal golpista Estado de S.Paulo dedicou sua capa a uma larga entrevista com o morto-vivo político Aécio Neves, o grande agitador do golpe de Estado de 2016. Aécio é apresentado pelo Estado de São Paulo como uma verdadeira fênix que ressurge das cinzas para “colocar o país em ordem outra vez”…
“Tentaram nos matar, mas não conseguiram. Estamos vivos”, “fui abatido por essas denúncias [de corrupção] e hoje me sinto mais leve”, disse o golpista do PSDB, que cinicamente atribui à falência política sua e do seu partido não à falência do projeto neoliberal que representam e ao próprio golpe de 2016, do qual foram grandes arquitetos, mas à perseguição política da qual diz terem sido vítimas.
“(…)O que existiu foi uma estratégia que tinha de tirar do caminho aqueles que ameaçariam um projeto político. Eu paguei um preço altíssimo, mas o Brasil também pagou.”
A entrevista mostra um claro objetivo de reabilitar a terceira via como a grande oposição tanto ao governo Lula como ao bolsonarismo.
“O PSDB tem que se apresentar como alternativa de poder. Nós não temos de nos curvar à força de outros partidos. Qual é a lógica da maioria dos partidos hoje? É fazer o maior número de deputados para ter Fundo Eleitoral e apoiar o governo. Mesmo menorzinho, nós temos de registrar a importância do PSDB. Nós não queremos nos aliar a isso que está aí e não queremos ir para o outro extremo. Somos poucos? Sim. Mas somos valentes e corajosos. Acho que temos de ser um partido mais propositivo. Temos de endurecer nosso discurso oposicionista. Não dá para ficar nesse nem-nem que ninguém sabe o que é. Precisamos liderar essa fração da sociedade que votou no Lula contra o Bolsonaro, mas não é petista, e vice-versa. O meu esforço é para que cheguemos nas próximas eleições votando a favor de alguma coisa, e não contra alguma”
Além de se apresentar como a grande liderança da oposição aos extremos, Aécio Neves também se coloca como a grande vítima da operação Lava Jato e defende que o governo Dilma caiu por suas próprias mãos, inclusive atacando o projeto de reparação à Dilma Rousseff recentemente anunciado por Lula.
“A vida deu ao presidente Lula uma oportunidade extraordinária de escrever o futuro do Brasil, mas não de reescrever o passado. Quando fala em reparação, ele passa para a sociedade a péssima sinalização de que malfeitos cometidos pelos seus são desculpáveis. O governo Dilma foi trágico. Ela cometeu, sim, as pedaladas fiscais e, mais do que isso, paralisou o País”.
No momento em que o golpe de Estado de 2016 já está mais do que desmascarado inclusive com o reconhecimento do próprio tribunal golpista TRF, de que as pedaladas fiscais pelas quais Dilma foi condenada ao impeachment não passaram de uma farsa, insistir na figura de Aécio Neves e em distorcer os verdadeiros objetivos da operação Lava Jato é de uma ousadia tão grande que não se pode deixar duvidar de que trata se de uma manobra política da direita contra o governo Lula.
Enquanto boa parte da esquerda se distrai com as parcas investidas da burguesia contra Bolsonaro imaginando que está sendo travada uma luta contra o fascismo no Brasil, os verdadeiros representantes do Imperialismo e portanto do fascismo se organizam para voltar ao controle total do país.