A falta de uma política agrária forte e consequente no Brasil vem se arrastando ao longo de sua história, ressoando de modo violento na vida dos trabalhadores rurais brasileiros. Um exemplo recente é o despejo arbitrário ocorrido na manhã do dia 21 de agosto, no município de Piritiba, estado da Bahia, onde as cinquenta famílias moradoras do acampamento Rosimeire Araújo – organizado pelo MST em março de 2022 – sofreram uma ação violenta de despejo.
Vários policiais invadiram o local, expulsando as famílias sem-terra por meio da força repressora de Estado. Os policiais ainda atearam fogo em suas moradias e destruíram plantações, dedicadas à produção de abóbora, feijão, milho, quiabo e outros alimentos que garantiam a sobrevivência dos acampados. Vale dizer que os policiais chegaram no local sorrateiramente, sem nenhum aviso prévio ou ordem judicial.
Além de ser uma ação violenta da polícia contra uma população muito oprimida, é também um atentado a direitos fundamentais de todo o povo brasileiro: o direito à moradia e ao trabalho digno. Esses trabalhadores não estão vivendo em barracos a passeio, são famílias pobres, trabalhadoras, que lutam dia-a-dia por um pedaço de terra e nunca irão conquistar a terra que precisam sem as ocupações, que não são somente um modo de garantir moradia àqueles que não têm teto, mas também e principalmente um meio de luta.
Os partidos de esquerda e as demais organizações de luta dos trabalhadores (da cidade e do campo) devem impulsionar uma grande mobilização em defesa dos camponeses, apoiá-los na luta pela terra. Isso implica também na criação de comitês de autodefesa para que sem-terras e índios possam reagir às ofensivas das quais são vítimas e lutar contra o latifúndio, contra pistoleiros, grileiros, poceiros e atos de violência, e arbitrariedades, como o ocorrido em Piritiba. Para que haja justiça, terra para todos, condições materiais dignas de vida e trabalho, só há um caminho: organização e luta diária.