A desfaçatez dos golpistas não tem limites. Em um editorial intitulado “A nova pedalada moral de Lula” e especialmente nojento pelo nível rasteiro dos argumentos dignos do bolsonarismo mais raso, o jornal golpista Estado de S. Paulo chamou de “pedalada moral” a crítica do presidente Lula ao regime político brasileiro. Comentando a decisão do Tribunal Regional da 1.ª Região (TRF-1), o presidente disse o óbvio: a ex-presidenta Dilma Rousseff é inocente das acusações (sabidamente farsescas) de improbidade usadas para derrubá-la. Consequência lógica: foi golpe.
Praticamente ressuscitando o absurdo termo “descondenado”, usado pelos bolsonaristas para negar a inocência de Lula, o Estado faz todo um malabarismo retórico apoiado por verdadeiros picaretas apresentados como especialistas do Direito, para dizer que a ex-presidenta não é inocente. Em todos os países civilizados do mundo, a justiça trabalha com duas e apenas duas categorias ao tratar as questões que lhe chegam: culpado ou inocente. Não há um terceiro elemento, um nega o outro.
O editorialista argumenta que Rousseff já fora condenada no Congresso, o que torna sua inocência judicial uma mera formalidade. O que o jornal foge de tratar, no entanto, é que o Congresso fez um julgamento político, onde tudo foi usado como argumento para condenar a petista, a defesa da família principalmente, menos as supostas manobras contábeis.
“O Brasil deve desculpas à presidente Dilma, porque ela foi cassada de forma leviana”, afirmou Lula, despertando a ira do Estado. Novamente, o jornal ameaça usar a campanha das fake news contra o ex-presidente, caso ele e a esquerda insistam em denunciar o golpe de Estado apaixonadamente apoiado pelo jornal.
“A rigor, essa tentativa de distorção de uma decisão judicial por parte do PT é uma agressão às instituições democráticas”, publicou o jornal burguês, acrescentando ainda que “no processo de impeachment de Dilma Rousseff, não houve nenhum golpe”. Claro, o Ministério da Verdade assim determinou, quem é o povo para dizer o contrário?
O PT apresentou um projeto de lei para uma reparação à ex-presidenta derrubada, mas é preciso muito mais. Os golpistas de 2016 têm de ser denunciados e alvos de uma intensa campanha, com a mobilização popular posta nas ruas para eleger Lula presidente, agitando a população agora, contra a burocracia judicial, os generais, os monopólios de imprensa, as ONGs, os partidos da direita tradicional, as embaixadas das nações imperialistas, enfim, os que realmente participaram da sinistra trama que atacou duramente o povo.
Foi o grupo político defendido pelo Estado de S. Paulo, o setor imperialista da burguesia, os responsáveis pelas dezenas de milhões de desempregados. Eles devem sim ser denunciados como os inimigos do povo que são, a quem nenhuma anistia deve ser concedida. Não são as manicures e os velhinhos defecadores os responsáveis pela opressão contra a população, são os direitistas ditos “civilizados”.