Depois dos duros anos dos governos golpistas de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), os ecetistas retrocederam como nunca em suas condições de vida e de trabalho e ainda se colocou sob a categoria a ameaça de privatização da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), que foi sendo – de certa forma – preparada com uma série de medidas de ataques, como a destruição do plano de saúde dos quase 100 mil trabalhadores da categoria.
A eleição de Lula, tal como acontece em muitos setores dos servidores públicos e das empresas estatais, criou a expectativa de que a situação possa ser revertida. Ele retirou os Correios da lista de empresas sujeitas à privatização, mas colocou no comando do Ministério das Comunicações um representante da direita, Juscelino Filho (do União Brasil), e na presidência da ECT, o advogado e professor universitário Fabiano Silva dos Santos.
Na primeira campanha salarial da categoria no governo Lula, em andamento, já se caminha para a décima reunião e a discussão está muito longe de atender às reivindicações dos trabalhadores, bastante rebaixada pela política capituladora da maioria das direções sindicais.
Após nove rodadas de negociação, a proposta de reajuste da direção da ECT, de 3,18% de recomposição nos salários, apenas em janeiro/2024; e de 3,18% nos benefícios, a partir de agosto/2023 e de um acordo bianual, é um duro golpe contra categoria.
Por conta disso, assembleias realizadas na semana passada em todo o País, com uma presença expressiva (mesmo não sendo ainda as grandes assembleias que a categoria realizou em suas grandes lutas), rejeitaram esta miséria e votaram pelo estado de greve, expressando uma clara tendência de luta da categoria. {veja fotos no final]
Apesar dessa situação, não se vê os sindicatos fazerem uma verdadeira campanha de mobilização dos trabalhadores. No máximo, as direções realizam atos minoritários, sem a presença dos trabalhadores. O resultado dessa política é o desastre das campanhas salariais dos últimos anos, com seguidas traições aos trabalhadores ecetistas.
Não adianta ficar com bravatas. É preciso organizar a greve de verdade. E a categoria não deve ficar na espera de que a burocracia da maioria dos sindicatos tome essa iniciativa.
É preciso discutir já a mobilização nos locais de trabalho, preparar a formação de comandos de greve para superar a paralisia ou golpismo da maioria dos sindicalistas, a começar pelos pelegos dos sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro, maiores sindicatos da categoria, com uma base combativa, mas que vem há anos tendo sua luta contida pelas direções.
A passividade e capitulação dos sindicalistas facilitou a política de ataques do governo Bolsonaro que retirou 50 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho em 2020.
É preciso recuperar todas elas, bem como recompor o poder de compra dos nossos salários e conquistar o plano de saúde, pago pela empresa.
É preciso se prepararam também para derrotar as manobras dos setores pelegos dos sindicatos de São Paulo e do Rio de Janeiro (e outros) contra a greve e atropelar todos que se coloquem contra a mobilização por 13% já de reposição dos salários, para todos; 300 reais de aumento linear; Volta do plano de Saúde pago pela empresa; fim do excesso de trabalho: redução da jornada e concurso público para contratação de dezenas de milhares de ecetistas e demais reivindicações da categoria.