Os processos contra Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, aumentam cada vez mais. Com isso, diferentemente do que acredita a esquerda pequneo-burguesa, aumentam também a sua popularidade e seus percentuais nas pesquisas eleitorais, liderando as pesquisas para candidatura dentro do Partido Republicano. Ao que tudo indica, Trump será, mais uma vez, uma grande pedra no sapato para a burguesia e o capital financeiro norte-americano, ou seja, para os setores mais poderosos do imperialismo.
O ex-presidente voltou à rede social X, antigo Twitter, publicando em seu perfil uma foto de quando foi fichado na cadeia do condado de Fulton, na Geórgia. Trump foi fichado na última quinta-feira (24) sob acusação de ter fraudado as eleições de 2020. Em janeiro de 2021, Trump foi banido da rede e teve sua conta bloqueada, sofrendo uma das censuras mais escandalosas dos últimos anos. Na época, a censura se deu por Trump estar supostamente apoiando a invasão ao Capitólio, realizada pelos seus eleitores e apoiadores.
Trump volta ao X com uma postagem chamativa, escrito “INTERFERÊNCIA ELEITORAL! NUNCA SE RENDA!”, tendo mais de 240 milhões de visualizações.
A imprensa norte-americana e do restante do mundo repercute, assustada, que Trump fica cada vez mais em evidência, conforme seus processos e perseguição aumentam. Ao mesmo tempo, há um espanto pela desaprovação ao governo de Joe Biden. De acordo com uma pesquisa recente da Reuters, 54% dos norte-americanos desaprovam o governo Biden. Essa porcentagem ainda cresceu se comparado com índices anteriores, o que indica que sua popularidade vem diminuindo com o passar do tempo.
No primeiro debate das primárias dos republicanos, Trump dominou o espaço, mesmo sem estar presente, participando apenas com uma mensagem de áudio. Quando outros políticos criticaram Trump, ouvia-se vaias que praticamente impedia a realização do debate.
O fenômeno não é estranho e pode ser observado na história recente das eleições. Donald Trump é, sem dúvidas, um dos políticos da direita mais perseguidos, por ter interesses que muitas vezes não vão de encontro com o que o imperialismo precisa. Foi um dos presidentes que menos impulsionou guerra na história dos EUA, uma verdadeira raridade. Mais que isso, Trump se apresenta como um típico candidato anti-sistema e o fato de haver tamanha perseguição e processos contra ele, só fortalece sua posição. Algo parecido ocorreu e ainda ocorre com Bolsonaro, aqui no Brasil.
A esquerda precisa se atentar para este fenômeno. O voto de trabalhadores em candidatos da extrema-direita representa um rompimento com a política neoliberal, da burguesia tradicional. Um voto de protesto, que representa uma revolta na massa dos trabalhadores. Esses trabalhadores enxergam nessas figuras da extrema-direita políticos anti-sistema. A perseguição só aumenta sua popularidade, pois tende a reforçar a ideia de que esses políticos não estão alinhados com o imperialismo mundial e sua política bárbara para a classe trabalhadora.
Nesse sentido, apostar que a Justiça burguesa vai conseguir derrotar a extrema-direita é uma política perigosa e que, muito provavelmente, terá o efeito contrário, como mostra o caso Trump. O exemplo serve para o Brasil. A perseguição da Justiça contra Bolsonaro, aplaudida pela esquerda, pode se voltar contra a própria esquerda e já está se voltando.