Na tarde de ontem (24), o presidente russo Vladimir Putin, expressou suas condolências pela morte de Yevgeni Prigozhin, o fundador e principal comandante do Grupo Wagner. As declarações de Putin foram recebidas como uma espécie de atestado de óbito oficial do oligarca russo, afastando mil e uma teorias que especulavam sobre com Prigozhin estaria, na verdade, vivo.
Após a confirmação da morte de Prigozhin em um acidente aéreo, a imprensa imperialista não pensou duas vezes em mirar sua artilharia contra o presidente russo. Mesmo sem prova alguma – desde quando o imperialismo se preocupou com isso -, nem mesmo com uma explicação razoável, a imprensa decidiu insinuar que Putin teria assassinado seu ex-aliado. Os jornais brasileiros, repletos de malícia, não se eximiram da campanha “Putin assassino”:
“Morte de Prigozhin deixa mais caros os afagos de Lula em Putin” (O Antagonista)
“Suspeitar de Putin em morte de Prigozhin é normal, diz ministra alemã” (Poder 360)
“Considerado próximo a Prigozhin, general russo Sergei Surovikin é demitido do cargo” (G1)
Não se trata, obviamente, de nenhuma invenção da imprensa brasileira. Como sempre, os jornais da burguesia estão se revelando verdadeiras sucursais do Departamento do Estado norte-americano. Afinal, é de lá quem vêm as acusações caluniosas de que Putin teria assassinado Prigozhin:
“Não há muita coisa que aconteça na Rússia que Putin não esteja por trás” (Joe Biden, presidente dos Estados Unidos)
“Vivo, o líder do Grupo Wagner era um lembrete de que Putin é fraco” (Orysia Lutsevych, vice-diretora do Programa Rússia e Eurásia do think thank Chatham House)
Para não haver dúvidas de que os jornais da burguesia brasileira são teleguiados pelos órgãos do imperialismo, nada como o artigo da revista britânica The Economist, porta-voz dos grandes bancos internacionais: “Morte de Prigozhin consolida poder de Putin e Rússia vira Estado mafioso”. Entre outros comentários maldosos, o periódico alega que: “uma fonte importante da inteligência ucraniana disse que várias figuras na Rússia estavam furiosas o suficiente para querer a morte de Prigozhin, incluindo Sergei Shoigu, ministro da Defesa da Rússia, alvo frequente das iradas mensagens de vídeo de Prigozhin”.
O que de concreto o imperialismo teria contra Putin? Nada. Todas as acusações partem do mesmo fato: Prigozhin se rebelou contra Putin há alguns meses e fez duras críticas ao Ministério da Defesa. Putin, por sua vez, chamou-o de “traidor”.
Acontece, no entanto, que isso já são águas passadas. Por mais que fosse até natural, considerado que a Rússia está em guerra, que Putin executasse um ex-aliado que se rebelou, de armas na mão, contra o seu governo, é fato também que Putin e Prigozhin haviam chegado a um acordo de paz. Fato que a imprensa ignora.
Há, no entanto, um fato ainda mais marcante que não está sendo levado em conta pela imprensa imperialista: Prigozhin e o Grupo Wagner são parte importante do plano do governo russo para prestar apoio aos golpes nacionalistas na África. A morte de Prigozhin – e, portanto, o atentado ao Grupo Wagner como um todo – beneficia, portanto, aqueles que querem se opor aos golpes nacionalistas na África. E quem seriam esses? Os países imperialistas, como Estados Unidos, Inglaterra e França, que planejam invadir o continente.