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Política ou polícia?

PSTU, uma esquerda 190

PSTU segue com sua política que devastou o próprio partido: o "fora todos" e a repressão

Em texto recente, o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) defendeu com unhas e dentes a palavra de ordem “prisão para Bolsonaro, sim!”, respondendo às pressões da imprensa capitalista que, depois de levar Bolsonaro ao poder, agora faz propaganda de sua prisão.

“Investigações sobre tentativa de golpe e casos de corrupção aproximam Bolsonaro da cadeia. Mas é preciso investigar e punir também o Alto Comando Militar, metido até o pescoço no golpismo e no roubo das joias”, diz o texto do PSTU, crendo que a “justiça será feita” com a prisão dos envolvidos.

É uma posição de uma senhora conservadora, no máximo, não de um partido que se diz revolucionário, que pretende pôr abaixo o regime burguês e suas instituições, especialmente as repressivas. A palavra de ordem de prisão para Bolsonaro é apenas uma demagogia do partido com um setor da esquerda que esqueceu a luta política e partiu para a repressão pura e simples. Ocorre que quem organiza e comanda a repressão não é, nem nunca foi, da esquerda.

Na matéria, que caberia mais em um programa policial de uma emissora qualquer, o PSTU diz que “além de servir como atravessador para a venda de joias roubadas, Cid também ajudava na organização de uma tentativa de golpe, como comprovou a inspeção da Polícia Federal em seu celular”.

Em primeiro lugar, um revolucionário não deveria ser a favor de inspeções da Polícia Federal, especialmente tendo em conta que foi esta mesma polícia responsável por mais de 500 dias de prisão ilegal do atual presidente Lula. Está claro que ela não é regida pelos interesses nacionais. A PF está nas mãos de golpistas internacionais, do imperialismo. 

“Não à blindagem! Punição e prisão para toda a gangue!”, diz o PSTU, parecendo o Datena em algum programa televisivo policialesco. Interessante notar que o PSTU pede a prisão sem ter a chave da cadeia, ou seja, é uma capitulação total às forças de repressão. Deixaram de lado a luta política e pedem a prisão de opositores políticos. Um revanchismo infantil, já que a esquerda não controla nenhuma força repressiva diretamente.

Obviamente, para guardar algum resquício de luta política séria, o texto, após os apelos dramáticos de cadeia para todo mundo, afirma que “justiça burguesa não vai derrotar a extrema direita e acabar com a corrupção”, muito embora tenha sido justamente isso que o texto afirmou. E prossegue:

“A expectativa da prisão de Bolsonaro vem animando parcela significativa da população e da classe trabalhadora. Com toda a razão, pois estamos falando de uma extrema direita que, durante os quatro anos que esteve no poder, foi responsável por centenas de milhares de mortes na pandemia; por duros ataques contra os setores mais oprimidos; pelos retrocessos nos direitos, como na Reforma da Previdência; pela destruição do meio ambiente e por crimes contra os povos originários, além da ameaça permanente às liberdades democráticas”.

Outro erro gigantesco. A prisão de Bolsonaro anima a classe média esquerdista, somente. Boa parte da população (pelo menos os 58.206.354 de eleitores que votaram em Bolsonaro) não está nada animada com essa possível prisão, na realidade, está revoltada. Além dos que votaram em Lula e que querem ver, na verdade, a vitória política da esquerda contra a direita, não a vitória do sistema penal, eterno inimigo do povo. 

Sem conseguir sair da política prisional, o PSTU afirma: “mas é preciso perguntar: a prisão de Bolsonaro resolve os problemas com a extrema direita ou a corrupção? É preciso defender cadeia para todos os corruptos e golpistas, de Bolsonaro à cúpula das Forças Armadas, que conspiraram contra as liberdades democráticas, sem esquecer dos grandes empresários que financiaram o “8J”. Mas isso, por si só, não vai acabar com a ultradireita, muito menos com a corrupção”.

Apesar de toda a política carcerária do PSTU, o texto busca apresentar a tese de que é preciso mobilização para derrotar a ultradireita, e que não se deve confiar na burguesia, nem mesmo em Lula, pois, conforme diz o PSTU, ele e Haddad estão implementando ataques contra o povo. 

“A extrema direita, ao contrário de 2018, está mais organizada, armada, com peso de massa, inclusive nas bases das polícias e militares, e à frente de estados, como em São Paulo. E ela vai continuar avançando, quanto mais avançar o projeto capitalista e pró-imperialista do governo Lula. Para derrotar o bolsonarismo, é preciso derrotar o governo do PT”. 

Assim, o PSTU segue com sua política que devastou o próprio partido. A política do fora todos. Todos são horríveis e devem ser derrotados. Essa política resultou na derrubada de Dilma Rousseff, na prisão de Lula e na eleição fraudada de Jair Bolsonaro. Ou seja, o próprio PSTU é responsável (menor) pelo atual estado de coisas.

Colocar nas ruas, de novo, o fora todos é esperar que assuma no Brasil algo parecido que está para assumir os rumos da Argentina. É colocar no poder um entreguista completo. É essa política que faliu boa parte da esquerda no Brasil e no mundo. A abstenção. Todos são ruins, aguardemos a revolução.

Sair às ruas contra Lula agora é pedir a volta de Bolsonaro ou algo pior. O governo não consegue colocar em prática as mínimas reformas para benefício do povo. O que falta é o povo ser mobilizado para defender, nas ruas, essas propostas, e lutar contra a volta da direita. O papel da esquerda revolucionária neste momento é apoiar o governo em suas políticas progressistas, lutar pelo avanço dos direitos do povo e lutar para esmagar, de vez, pela política, a direita.

O PSTU não quer fazer nada disso. Na realidade, nem derrotar o bolsonarismo com uma política própria o partido quer. A política defendida pelo partido é que as forças de repressão entrem em cena, prendam os bolsonaristas, e que o governo Lula seja derrotado, resta saber por quem…

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