As primárias eleitorais da Argentina, realizadas em 18 de agosto, ofereceram uma visão tenebrosa do possível futuro econômico do país. O candidato ultra-neoliberal Javier Milei, da coligação A Liberdade Avança, saiu como vencedor, obtendo pouco mais de 30% dos votos com um plano econômico intimamente ligado ao imperialismo norte-americano. As discussões pós-eleitorais revelaram o encontro virtual de Milei com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde apresentou suas propostas econômicas devastadoras para a Argentina. A vitória de Milei mostra um cenário complicado para a Argentina, pois seu programa inclui rígidos ajustes fiscais, cortes nos gastos públicos, abertura da economia aos interesses imperialistas e eliminação dos direitos trabalhistas.
A posição do candidato de extrema-direita é acompanhada por uma política de subserviência ao imperialismo, o que o leva a ser considerado uma espécie de versão argentina Bolsonaro, mais turbinado. No entanto, esse afastamento extremo da política social e trabalhista ameaça devastar ainda mais a população argentina, cujas condições de vida já foram seriamente prejudicadas por empréstimos do FMI no passado. A dívida acumulada resultou em políticas de austeridade e declínio econômico sob governos anteriores, como Mauricio Macri.
No contexto do fortalecimento da direita na Argentina, a situação política no Brasil não é menos incerta. O país também enfrenta pressões econômicas e políticas, como o cenário argentino. As políticas neoliberais introduzidas pelo governo FHC causaram o aumento da pobreza e um enorme retrocesso industrial. Com as contínuas medidas antipopulares, como impostos e anúncios de aumento de preços, o Brasil corre o risco de seguir o mesmo caminho de destruição econômica que a Argentina está experimentando.
A vitória da direita nas primárias argentinas e a ascensão de Milei podem ser interpretadas como um alerta para outros países da região. A polarização entre diferentes grupos de direita e o fracasso de soluções políticas transitórias mostram que é necessário que a esquerda assuma uma postura mais ativa. A lição aqui é que a política estritamente institucional ou parlamentar não é suficiente para enfrentar os problemas colocados pelo neoliberalismo e pelo imperialismo. A mobilização popular é fundamental para evitar que os países latino-americanos sigam o caminho da Argentina, onde um país serve de exemplo do mal que pode se espalhar pela região.
As primárias argentinas revelaram um cenário de incerteza econômica e política, com a vitória de Milei ameaçando a estabilidade e o bem-estar da população. O Brasil, por outro lado, enfrenta problemas semelhantes com políticas neoliberais já implementadas. É crucial para a esquerda aprender com esses exemplos e tentar formular políticas que realmente atendam às necessidades básicas da população.