A Alemanha não se envolverá no conflito da Ucrânia, mas continuará a fornecer armamento a Kiev, disse o chanceler Olaf Scholz. Em evento organizado pela imprensa alemã, em meio a uma discussão pública sobre se Berlim deve fornecer mísseis Taurus de longo alcance a Kiev. A questão se deu em meio à críticas públicas da imprensa à guerra, se o país se envolverá mais “ativamente”.
Scholz respondeu dizendo que é seu “objetivo evitar isso” e que é por isso que “não há soldados alemães na Ucrânia e não haverá nenhum”. Entretanto, o chanceler disse que Berlim continuará a fornecer armas à Ucrânia. Ele acrescentou que cada decisão nesse sentido foi tomada com cautela e em coordenação com aliados. Segundo Scholz, o Ocidente não quer que o conflito se transforme em uma “guerra entre a Rússia e a OTAN”.
A explicação de Scholz não é suficiente para dizermos que a Alemanha não esteja envolvida ativamente na guerra, pois o país dá suporte logístico, provisões e apoio ideológico contra a Rússia, muito embora demonstre que a sua política é menos sanguinolenta que a dos Estados Unidos. É notório, também, que a Alemanha se coloca de forma incipiente contra as intenções dos norte-americanos.
Scholz responde o que sua imprensa quer ouvir. Não é uma questão de princípios, mas porque a guerra está arruinando a economia nacional. Neste ano, a Rússia, em meio a sanções, superou a economia alemã em paridade de poder de compra, passando à quarta economia do mundo.
De acordo com o The Economist, o Alternative für Deutschland, partido de extrema-direita, está com 20% de intensões de voto para as eleições locais. “Os alemães estão descontentes com seu governo”. De acordo com a revista “O mais preocupante é que o alardeado modelo econômico e o Estado da Alemanha parecem incapazes de fornecer o crescimento e os serviços públicos que as pessoas esperam”.
A Alemanha é instada pela The Economist a deixar a burocracia de lado, avançar na organização da desburocratização antes que o AfD o faça. Os capitalistas querem promover uma Alemanha ainda mais entregue ao neoliberalismo, inclusive para atender aos reclamos da guerra. Na visão da revista, Scholz pode avançar no auxílio à guerra sem perder a economia e eleitores para a extrema-direita. Ao mesmo tempo, a The Economist sinaliza que a AfD pode ser uma boa opção aos alemães por quebrar a burocracia.
A ânsia dos norte-americanos fez com que a Alemanha se tornasse esse país em franca decadência. Isso faz com que o país tire o pé do acelerador da guerra, caso contrário, provavelmente estariam até mesmo com tropas na Ucrânia, pois o país continua sendo um dos maiores contribuintes em armas para os soldados do regime nazista de Kiev.