O futebol nasceu como esporte da elite inglesa. Com o passar do tempo, popularizou-se e chegou à classe trabalhadora, que modificou e melhorou o esporte, fator esse que fez com que se espalhasse pelo mundo. No Brasil, teve uma história parecida no início, esporte de elite, mas que rapidamente se espalhou para o povão.
Vários motivos contribuíram para essa popularização: esporte fácil de jogar, materiais baratos, locais para o jogo disponíveis em qualquer espaço aberto ou terreno baldio – campos de várzea. Inicialmente, qualquer grupo de 11 pessoas jogavam contra outro grupo de 11, ganhando quem fizesse mais gols.
Com o passar do tempo se formaram os times amadores, e a partir da década de 40/50, o esporte começou a se profissionalizar. Times profissionais surgiram na maioria dos estados brasileiros, com destaque para a região sudeste e sul.
Grandes estádios foram construídos pelo governo e por particulares em vários estados para receber milhares de pessoas a cada jogo. Ingressos tinham um custo muito acessível, e impactavam muito pouco no bolso do trabalhador. A “Geralzona” ficou durante muitos anos com o simbólico preço de $5,00, que não era nem 0.5% do salário mínimo a época.
Hoje, o ingresso mais barato para os jogos do campeonato brasileiro estão na faixa de R$100,00 e são para os piores locais do estádio, chegando os mais caros a R$300,00/R$500,00. Aliás, os estádios nem tem mais, em geral, esses locais que antigamente eram ocupados pela classe trabalhadora e até pelos desempregados – como o ingresso era muito barato, até eles conseguiam arrumar dinheiro para ir ao estádio.
No setor da geral, o povão tinha que assistir ao jogo de pé para conseguir enxergar o campo, que ficava na mesma altura dos olhos. Hoje, o trabalhador não consegue mais comprar o ingresso para si, quanto mais pagar para alguém, não se pode mais acompanhar todos os jogos no estádio, no máximo da para ir a um jogo por mês, levar os filhos então, nem pensar.
E o dinheiro que antes dava até para sustentar os ladrões do futebol, hoje mal da para pagar a manutenção do estádio, e os clubes em sua maioria estão quebrados.
Como tudo que está ruim ainda pode piorar mais um pouco, os times dobram o valor do ingresso quando da chegada do time na semi-final ou final de um campeonato, pode ser estadual, copa do Brasil, ou torneio internacional.
Estão direcionando o futebol para a classe média alta, que nem gosta tanto de futebol assim, e o trabalhador não tem opção de assistir aos jogos, nem mesmo pela televisão aberta (a não ser que seja por meio do infame gato).
Enfim, o trabalhador está ficando sem opção para assistir futebol, e nada aponta para que isso vá mudar com o atual sistema de espoliação do povo brasileiro.