As atividades de um militante do PCO vão além da análise política. Para o PCO, a revolução somente é possível ao ter profunda compreensão da sociedade. E para isso, além de trabalho de campo, entender a sociedade através de textos teóricos é imprescindível. Para isso, tem vários grupos de estudos, como o Grupo de Estudos Marxistas e Grupo de Discussão do GARI (Grupo por uma arte revolucionária e independente), em que os títulos teóricos do marxismo são temas do grupo de estudo.
A abordagem ao estudo da sociedade é também feita de outra forma, através de literatura em geral e obras cinematográficas. Pois através de leitura de obras literárias e de posterior debate sobre a obra lida durante o encontro do clube do livro consegue enriquecer a muito mais a leitura individual, ao compartilhar com os outros sobre a obra que todos já leram, e é quando as almas acaloradas, ao defenderem o seu ponto de vista, impondo a sua interpretação do fato escrito, vira uma aula de retórica e comunicação. Da mesma forma acontece com o cineclube.
O cineclube do PCO chama-se Cineclube Luíz Buñuel. É uma iniciativa do GARI (Grupos por uma Arte Revolucionária e Independente) para exibir filmes e debater sobre o cinema, tanto filmes isolados como movimentos cinematográficos. É uma atividade muito importante porque além de aumentar o conhecimento do cinema, as discussões têm ângulo marxista, sendo a diferença do cineclube Luis Buñuel para com outros grupos.
Os membros agrupam-se toda sexta-feira, em São Paulo, para contemplar alguma obra cinematográfica previamente escolhida. A escolha é feita por próprios membros, e cada um indica o que tem interesse em assistir ou que já conhece, mas quer indicar a outros o que te emocionou no passado. Pois a diferença entre uma obra literária e uma obra cinematográfica é a facilidade de assimilação do conteúdo.
Ou seja, uma obra audiovisual é muito mais fácil de ser encantado do que um texto escrito. Os recursos sonoros, visuais etc. tem objetivo único de existir, de encantar o seu público, ou o contrário.
Assistir em grupo uma determinada obra cinematográfica e debater após a sessão, acompanhado de comes e bebes, numa sexta-feira à noite, sem nenhum compromisso com o horário, pois o dia seguinte é sábado, contribui muito para o desenvolvimento de relação de camaradagem entre participantes. Entre os membros, não há somente militantes do PCO, os filiados, simpatizantes, mas também aqueles amantes da sétima arte interessados em participar de um cineclube de qualidade.
Desde que entrou em atividade, já foram projetados filmes de diretor japonês Akira Kurosawa, obras do cinema novo nacional, como obras de Glauber Rocha, Ruy Guerra; de diretores contemporâneos, como Luiz Fernado Carvalho e outros. E está em discutição sobre sessão de filmes italianos e russos.
Os filmes geralmente têm duração pré-determinada, de cerca de 1h30 a 2h. No caso do filme do diretor Akira Kurosawa, “Os Sete Samurais”, a sessão foi dividida em dois dias, pois tem duração de 3h27 minutos. Nos cinemas, a obra é projetada em duas partes, com intervalo de 5 minutos. A escolha do filme japonês é extremamente oportuna, pois nada melhor do que um recurso de audiovisual para explicar os elementos como sociedade à mercê da violência de milicianos, descaso de autoridades que só extrai os impostos, as vítimas de exploração que une as forças para se defenderem, problemas de classes sociais etc.
Abaixo o depoimento do Fábio, membro do cineclube:
“Da minha parte, foi um prazer rever os Sete Samurais com um olhar mais analítico. A discussão depois foi muito interessante também. Às vezes não nos damos conta de como a produção do filme é de grande complexidade, principalmente se considerarmos que foi gravado na década de 1950. Surgiu um debate interessante também sobre como o filme trata o samurai com bastante realismo, sem o romantismo introduzido durante a era Tokugawa, dos samurais burocratas, algo perpetuado durante o fascismo japonês que acabara de ser derrotado na Segunda Guerra, pouco mais de uma década antes do filme ser gravado.
Acho que o mais interessante foi assistir Era uma vez em Tóquio, de Yasujiro Ozu. O filme é muito menos conhecido fora do Japao e foi escolhido porque é muito comentado pelos acadêmicos da área do cinema. Realmente achei o trabalho incrível. A fotografia é impecável, cada frame seria facilmente um belo quadro.
O filme quase não movimenta a câmera, dando a impressão que estamos na casa das personagens ou falando diretamente com elas, e achei também muito interessante assistir um filme sobre a época. A trama muito focada nas relações pessoais e nos costumes japoneses. Para quem não conhece, como eu, foi muito interessante.
Até agora só participei dessa seleção de filmes japoneses, mas gostei muito da atividade! Recomendo a todos”.
Caso queira participar do cineclube, que acontece toda sexta-feira na cidade de São Paulo, basta entrar em contato com o telefone (11) 95106-0007.
Programa do COTV no YouTube
O Cineclube Luis Buñuel atualmente é o nome do grupo de amantes de sétima arte que se reúnem semanalmente para assistir uma obra cinematográfica, mas é também nome do programa de YouTube. Como diz o próprio nome, trata-se de cinema.
Abaixo o link para acessar os programas do YouTube: