A semana que se encerra amanhã provavelmente será a mais intensa, até agora, no que diz respeito à ofensiva do Estado brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Polícia Militar, Ministério Público, Supremo Federal e, secundariamente, até mesmo o Congresso Nacional estão agindo em sintonia com o claro intuito de emparedar a maior liderança de direita do País.
As investidas contra Bolsonaro entraram em um novo ritmo a partir do final da semana passada, quando vieram à tona novas revelações do caso das joias. Segundo investigações da Polícia Federal, Mauro Cid, o ajudante de ordens de Bolsonaro, teria tentado vender parte do acervo doado pela monarquia saudita ao ex-presidente.
As novidades foram suficientes para dar ânimo aos setores que já torciam pela prisão de Bolsonaro. Começaram, a partir de aí, as contagens regressivas e bolões de apostas no grupos de Whatsapp para definir em que dia o ex-presidente estará atrás das grades. No embalo, vieram declarações contraditórias do advogado Frederick Wassef, uma operação contra o próprio advogado e, finalmente, o depoimento bombástico de Walter Delgatti Neto, o hacker da Lava Jato, à CPMI do 8 de janeiro. Ontem (18) foi dia de mais um episódio, embora não tão relacionado propriamente com a prisão de Bolsonaro, mas que busca mostrar que o STF estaria em uma perseguição implacável à extrema-direita.
A movimentação é tão grande em direção a Jair Bolsonaro que já há apoiadores do ex-presidente acampando próximo à sua residência para tentar impedir uma eventual prisão.
Ocorre que toda essa movimentação não tem nada de positivo para a esquerda e os trabalhadores. Não há dúvida de que quem está conduzindo todo o processo contra o ex-presidente é a burguesia, a direita, o grande capital. A esquerda não controla o STF, nem a Polícia Federal – pelo contrário, foi vítima deles no golpe de 2016. E o próprio depoimento do hacker da Lava Jato deixou claro: por mais animada que a esquerda estivesse, toda a direita “tradicional” estava pedindo prisão para o ex-presidente.
A prisão de Bolsonaro não é uma derrota real à extrema-direita. Basta ver dois casos para que isso fique claro. Nos Estados Unidos, Donald Trump, ao que tudo indica, será preso. No entanto, não para de crescer nas pesquisas. E na Argentina, o “Bolsonaro” local, Mauricio Macri, foi derrotado nas eleições presidenciais. No entanto, surgiu um candidato muito mais direitista, e que tem boas chances de vencer o próximo pleito: Javier Milei.
O interesse dos capitalistas em levar adiante uma perseguição contra Bolsonaro é claro: tirar do caminho a principal liderança da direita para poder recompor o “centro político”. Isto é, domesticar a direita de tal modo que seja ainda mais subserviente ao imperialismo, que seja capaz de propor uma política de completa terra arrasada do País.
Não há o que comemorar. É preciso impor uma derrota política à extrema-direita e a todos os golpistas. A perseguição judicial só fará a extrema-direita crescer.