A Eletrobrás reconheceu que o apagão nacional dessa terça-feira (15) foi decorrência de uma falha no sistema de energia. Ocorreu um desligamento não programado na linha de transmissão Quixadá II/Fortaleza II, a qual opera em 500 quilovolts (kV). O desligamento foi desencadeado por uma falha no funcionamento do sistema de proteção, que atuou de maneira errada, ocasionando cortes de energia.
A falha não mais deixa dúvida que a privatização da Eletrobrás, feita por Jair Bolsonaro e apoiada por todos os golpistas “civilizados”, tem relação com o blecaute. Os defensores das privatizações podem afirmar que não há nenhuma ligação direta entre as duas coisas, mas é mais do que legítimo questionar porque um apagão dessa magnitude, raríssimo de acontecer, ocorra pouco tempo depois da privatização. Coincidência?
Difícil acreditar em coincidência nesse caso. De qualquer modo, a burguesia correu para defender a empresa privatizada. O jornal Estado de S. Paulo fez editorial criticando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dizendo que ele “aproveitou o momento para criticar a privatização da Eletrobrás, insinuando que a desestatização da empresa teria comprometido a segurança do sistema elétrico. Sugeriu ainda a hipótese de ter havido sabotagem e solicitou a participação da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas investigações antes mesmo da conclusão das apurações técnicas.”
O jornal que é porta-voz da burguesia brasileira não gostou da declaração do ministro simplesmente porque não quer nem ouvir falar na hipótese de desfazer a privatização criminosa da Eletrobrás. Para isso, vale até defender a ideia absurda de que um ministro não pode dar uma declaração política.
A palavra-de-ordem do Estadão e de toda a burguesia é: “vamos manter o crime de Bolsonaro”. E há ainda pessoas ditas de esquerda que acreditam que existam setores civilizados da burguesia que seriam realmente contra a política bolsonarista.
O que é fato, no entanto, é que a privatização sempre vem junto com o sucateamento. Primeiro, a empresa estatal é conscientemente sucateada para criar pretextos para a privatização. Depois de privatizada, o investimento é reduzido ao máximo, já que o objetivo dos capitalistas que parasitam a empresa é o lucro, não o fornecimento de um serviço de qualidade.