Na continuação da Operação Escudo, deflagrada nas comunidades pobres do Guarujá, na Baixada Santista, foram assassinadas pela ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) mais duas pessoas na terça-feira (15).
A Operação Escudo foi iniciada no final de julho após a morte do soldado da ROTA Patrick Bastos Reis, baleado em Guarujá no dia 27 de julho. No primeiro dia da operação, foram assassinadas 16 pessoas, em circunstâncias nebulosas, com testemunhos de moradores que acusam a PM paulista da morte de trabalhadores inocentes, pessoas desarmadas, abuso de poder e até tortura. O caso é muito mais uma vingança do que outra coisa, uma chacina em retaliação à morte de uma pessoa.
Acionado o Ministério Público, os promotores receberam as gravações de seis casos da Operação Escudo, mas duas não mostram agressões e uma foi considerada irrelevante; em apenas 3 dos 16 casos iniciais em que houve mortes há registros de confronto. Os promotores afirmam ter assistido a 50 horas de imagens e analisado 12 laudos do Instituto Médico Legal. Agora eles pretendem comparar as imagens com laudos, versão dos policiais e depoimentos de testemunhas. O Ministério Público informou que a análise das câmeras ainda não foi concluída. Os 2 assassinatos mais recentes ainda não foram investigados pela instituição.
O governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) disse estar satisfeito com a Operação Escudo.
Durante a campanha eleitoral ao governo estadual, Tarcísio afirmou que iria retirar a obrigatoriedade de policiais terem uma câmera nas fardas, mas voltou atrás. O secretário de segurança pública, o PM da reserva, Guilherme Derrite, também investiu contra as câmeras nos policiais e depois recuou.
Quando se iniciou a utilização de câmeras de vídeo nas fardas de policiais, as chacinas nas comunidades pobres continuaram acontecendo com regularidade assombrosa. Crianças e trabalhadores são assassinados todas as semanas a ponto de já ser considerado algo normal pela imprensa, para não mencionar aqueles que aprovam e estimulam a violência e a barbárie policiais. A discussão sobre o uso de câmera policial é, acima de tudo, uma demagogia.
Vemos, no caso dos policiais que fizeram a chacina do Guarujá, que as câmeras não servem para nada. As forças de repressão do Estado sempre saem impunes, não importa quantos indícios claros existem de que verdadeiras monstruosidades foram cometidas contra o povo.