O Níger será invadido pelos países vizinhos? Esse parece o cenário mais provável, segundo a avaliação de Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, e Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra. Ambos estiveram presentes no programa Análise Internacional, normalmente transmitido às segundas-feiras pelo canal do Diário Causa Operária, mas que excepcionalmente foi gravado na última quarta-feira (16).
Apesar de ser provável uma intervenção do imperialismo no país que acabou de sofrer um golpe militar nacionalista, os analistas apresentaram uma série de dificuldades para a realização de uma operação no Níger. “O país é muito grande e não há um consenso em torno da invasão”, alertou o comandante Robinson. Ele ainda destacou que o Níger contaria, no caso de um conflito, com o apoio militar de países importantes, como a Rússia, o que tornaria a iniciativa do imperialismo ainda mais complicada.
Segundo Farinazzo, caso haja uma guerra e ela se prolongue por meses ou até mesmo anos, ela irá “desestabilizar” os países africanos que estariam envolvidos na invasão. Esse seria, portanto, mais um ponto que jogaria contra a intervenção no Níger.
Apesar das dificuldades potenciais de uma invasão, Pimenta explicou que a situação da luta de classes internacional dificilmente proverá uma outra saída que não uma guerra. “Nós temos uma crise capitalista que afetou duramente o imperialismo”, começou Pimenta. “Essa crise levou a uma divisão interna dentro dos Estados Unidos e dos regimes políticos europeus. Essa crise interna levou a uma crise da dominação imperialista, que já vem há bastante tempo: os Estados Unidos foram obrigados a se retirar do Iraque, depois de uma operação gigantesca para invadir o país, e mais recentemente tiveram de sair de maneira catastrófica do Afeganistão. O Afeganistão, por sua vez, levou a uma operação audaciosa dos russos, que até então tinham ficado sem agir na Ucrânia, onde o imperialismo estava exercendo uma pressão muito grande, e a crise ucraniana está levando a vários outros fenômenos”.
A questão do Níger é fruto dessa crise. O país já é o terceiro na região do Sahel que é tomado por uma junta militar nacionalista, fortemente hostil à dominação francesa. “A sequência assustou extraordinariamente o imperialismo. Se você permitir que a coisa continue, a dominação imperialista sobre a África corre um risco enorme”.
Justamente por isso, diante dessa situação, o imperialismo está sendo forçado a realizar uma jogada forçada: “eles vão precisar colocar pressão militar e invadir o Níger. Não sei se vai haver invasão, eles estão ameaçando. Mas se invadir o Níger, o que seria o mais natural? Eles vão conseguir estancar a crise? Não, a crise vai aumentar. É dessa maneira que a crise capitalista vai se tornando uma crise de características revolucionárias”.
Para assistir o programa Análise Internacional na íntegra, assista no Diário Causa Operária: