A burguesia pró-imperialista voltou com força com a campanha para acabar com as redes sociais. Mais precisamente, acabar com a liberdade de expressão nas redes sociais.
O Estado de S. Paulo publicou um editorial nessa quarta-feira (9) intitulado “Sem medo das redes sociais” onde defende a aprovação do PL 2630/2020, o chamado “PL das Fake News”: “Câmara deve recolocar em pauta a necessária regulação das redes sociais. Assim como não pode ficar refém do lobby das big techs”, diz, logo de entrada, o texto do jornal porta-voz da burguesia golpista.
Na realidade, o editorial do Estadão revela o oposto do título. O monopólio da imprensa tem muito medo das redes sociais, por isso exigem seu controle. Esse medo é motivado por algo muito óbvio: as redes sociais quebram esse monopólio da informação, do qual o povo é escravo.
Ao criticar o “lobby das big techs”, o Estadão apenas está exercendo a característica principal da imprensa capitalista: o cinismo. Acusam as chamadas big techs, que, na verdade, são as plataformas das redes sociais, como se os capitalistas todos, incluindo o próprio Estadão, não fizessem lobby no Congresso. Mas o cinismo vai além. O Estadão quer aparecer como o grande combatente de um monopólio sinistro que lucra com as “fake news” e coisas do tipo.
O cinismo serve para esconder o que realmente está acontecendo, que é a tentativa de um monopólio capitalista esmagar o outro, ou mais precisamente, diminuir o poder do outro. Quando o Estadão e os demais órgãos da imprensa capitalista atacam as “big techs” eles apenas querem atacar a liberdade dos usuários das redes sociais de falar o que quiserem. O problema central não é com as grandes empresas capitalistas de tecnologia, mas com a liberdade de expressão.
O problema é que as medidas regulatórias que o “PL das Fake News” quer estabelecer acabam entrando em conflito com as próprias empresas que temem perder clientes e terem seus lucros diminuídos. Isso por um motivo óbvio: o grande interesse nas redes sociais está justamente no fato de que elas permitem que as pessoas possam se expressar livremente, independentemente dos monopólios consolidados da imprensa tradicional.
A grande luta da burguesia imperialista é essa liberdade. Estadão, Globo, Folha e todos os órgãos desse monstruoso e ditatorial monopólio da comunicação estão perdendo o controle que ainda têm sobre a informação. Isso é um perigo para esse monopólio, mas também é perigoso para os grandes capitalistas, que precisam do monopólio da imprensa para impor seu domínio sobre o mundo. As redes sociais tornaram-se um grande obstáculo, não pelas “big techs”, mas pela própria essência das redes sociais, que pressupõe uma livre troca de informações.
O monopólio da imprensa quer acabar com a liberdade de expressão e para isso vão passar por cima dos interesses das chamadas “big techs”. O fim dessa política é a censura das massas, é calar o povo e retornar à época em que apenas quem podia falar era a Rede Globo e os jornais oficiais da burguesia, como a Folha e o Estadão.
A sede de sangue da imprensa golpista fica bem demostrada no artigo publicado pelo UOL, portal da Folha de S. Paulo, chamado “80% dos perfis nas redes responsáveis por espalhar fake news seguem ativos”. É um pedido para a censura generalizada nas redes sociais.
Estamos diante de uma política essencial para o imperialismo e a esquerda pequeno-burguesa está apoiando um dos projetos mais impopulares dos últimos tempos, sob a desculpa do “combate ao fascismo”. O irônico é que o fascismo estaria sendo combatido por uma medida fascista, a censura do povo. E quem será o maior prejudicado com isso, além do povo: a própria esquerda, quando ficar completamente sem voz nas redes sociais controladas graças ao “PL das Fake News”, cujo relator é Orlando Silva, do PCdoB. Depois não adianta chorar quando a Globo e os demais órgãos do monopólio da imprensa começarem a fabricação e divulgação em massa de mentiras e calúnias contra a esquerda como fizeram no golpe de 2016.