Na Cúpula da Amazônia, iniciada na última terça-feira (8), em Belém-PA, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, abriu uma polêmica com Lula e os demais países da América do Sul: “Vamos falar dos dissensos, pois os consensos já estão escritos.”
Petro deu vazão à política imperialista de manter a região amazônica no atraso, e não apenas ela, como todos os países envolvidos na empreitada “ambientalista” do encontro. O mandatário resgatou a demagogia da “ciência” numa busca por pressionar pela posição do imperialismo: “Há um enorme conflito ético, sobretudo por forças progressistas, que deveriam estar ao lado da ciência.”
“[Os governos de] direita têm um fácil escape, que é o negacionismo. Negam a ciência. Para os progressistas, é muito difícil. Gera então outro tipo de negacionismo: falar em transições”, uma referência ao discurso de Lula, que colocou, na abertura das exposições:
“Vamos planejar o crescimento apostando na industrialização e infraestrutura verdes, na sócio bioeconomia e nas energias renováveis”. E “Com o programa nacional de florestas produtivas, vamos fomentar a restauração de áreas degradadas e a produção de alimentos com base na agricultura familiar e nas comunidades tradicionais.”
Em nova referência a Lula, que vem pontuando a questão nos encontros a esse respeito, Petro afirmou: “Pedir que nos deem dinheiro não é suficiente. Essa é uma maneira retórica do Norte dizer que está fazendo algo. Se nós valorizarmos [a Amazônia], ela vale muito mais. Não é com presente do Norte que vamos fazer isso.”
O presidente da Colômbia adotou uma postura totalmente alinhada à pauta ambientalista movida pelo imperialismo, e atacou diretamente o necessário desenvolvimento dos países atrasados, caracterizando-o como negacionismo: “Ah, mas o aparato econômico, o desenvolvimento nacional, ou seja, tudo baseado no negacionismo e que vai postergando as decisões que são essenciais para a vida.”
Petro ainda definiu a riqueza atual como uma medida de pegada de carbono, e que seria preciso modificar essa questão. No entanto, o fez sem apresentar uma solução concreta para o problema, como o investimento exigido para o desenvolvimento de novas tecnologias e a implementação de uma transição energética.
“Se você observa o cidadão rico, o cidadão da classe média dos EUA e se você medisse a pegada de carbono comparada com uma pessoa da classe média daqui, você verá que a distância é imensa. A riqueza na sociedade atual desde a revolução industrial é medida por emissões de CO2, você é mais rico quanto mais CO2 você emite.”
“Então quando falamos que isso tudo deve ser extinguido, que devemos ver de outra forma, pois o que se diz é que agora é o momento de mudar o sistema econômico, muito e em profundidade.”
“Agora seria uma prosperidade que poderíamos chamar de prosperidade descarbonizada, que não é mais capitalismo.”
“A alternativa que temos para manter a vida é prosperar sem o carbono.”
Em outras palavras, Gustavo Petro pregou o abandono do petróleo, gás e carvão, base da indústria atual, e ainda abertamente se colocou como o seguidor da política do imperialismo, do setor mais violento, de Joe Biden:
“Existe uma política que busca descarbonizar as economias do norte, temos o Biden, certo progressismo europeu que também vai neste caminho, e existe outra política que tenta manter o padrão de vida do norte.”
Na prática, a Colômbia, no encontro, se colocou como o que já é há muito tempo, e se esperava houvesse mudado com a eleição de Gustavo Petro: um serviçal do imperialismo. O presidente falou da “vida” em abstrato, mas as pessoas, a população dos países da América do Sul precisa de um desenvolvimento econômico em seus países de caráter emergencial. A fome e o atraso de todos os tipos assola a região, principalmente a amazônica.
Ao contrário do que colocou Petro, é preciso dar ênfase à soberania nacional dos países da Amazônia. Eles devem ter autonomia para se desenvolver como achem necessário. Se para Petro, Joe Biden é um exemplo, caberia a ele considerar a sua própria fala na Cúpula. O presidente colombiano chegou a afirmar que um dos problemas no debate da questão ambiental é que as coisas ficam no discurso, mas não se transformam em prática. Os EUA são o principal expoente nesse quesito. O maior poluidor, cujas forças armadas poluem mais do que países inteiros e, ainda assim, o centro do imperialismo foi exaltado por Petro.
A política ambientalista se mostra a todo momento, e de maneira cada vez mais evidente, como uma sabotagem ao desenvolvimento dos países atrasados. Uma forma de impedir a exploração por esses países de suas próprias riquezas. Se querem defender uma exploração racional, sem problemas, até porque esse é o interesse de todos os povos que possuam soberania, não destruir o próprio território. No entanto, os proponentes do “ambientalismo” nos querem de joelhos, e isso é inaceitável.